Você não está entendendo nada do que eu digo

A moda são infográficos. Eu detesto o nome infográfico, mas confesso que adoro gráficos em geral. Poder olhar para os dados e interpretá-los com a mente analógica (e não a interface digital, como seria uma tabela) é uma coisa linda.

Porém há que se tomar cuidado com os números. Eles fingem que são certinhos, imparciais, mas estão a serviço de qualquer um que queira usá-los para convencer alguém de alguma coisa. Quando a parcialidade se une à desinformação (ou má formação matemática dos jornalistas e do público em geral), a coisa se torna até perigosa.

Gatinhos, por exemplo… Um infográfico sobre o Facebook e outras redes foi publicado pela Advertising Age e um blog “não-oficial” sobre o Facebook republicou o gráfico, que contém algumas informações interessantes sobre países que mais usam o Facebook e o Linkedin e também sobre quem declara ter gatos no perfil. Olha só:

O artigo no blog que reproduziu o gráfico afirma:

O infográfico da Advertising Age contém algumas pérolas fascinantes, incluindo: (…)

  • 86.5 porcento dos perfis femininos indicam ter gatos, mas apenas 13.5 porcento dos homens têm felinos.

Será verdade? Mais de 86% das mulheres têm gatos? Na verdade isso se deve a um erro de interpretação de quem escreveu o texto. Se eu digo que tenho 100 amigos e 10 têm gatos, dos quais 9 são mulheres e 1 é homem, eu posso dizer que 90% das mulheres têm gatos? O certo seria dizer que 90% dos que têm gatos são mulheres.

Viu como gatinhos números podem ser perigosos?

Portanto, antes de sair repetindo estatísticas por aí, pense criticamente na informação que está recebendo. Senão acabaremos tendo uma moda de “desinfográficos”.

Even the orchestra is beautiful

Aquele lá era praticamente um musical. Você sabe que na vida real as pessoas não começam a cantar e dançar de uma hora para a outra – ainda menos de manhã -, você sabe que tem muita fumaça e muito espelho para aumentar a fila de coristas, você sabe que aquela pirotecnia toda é só para impressionar, e mesmo assiste maravilhada e ainda sai do cinema contente, com um sorrisinho bobo que persiste.