Mais a propósito ainda

Vamos pedir piedade

Senhor, piedade

Pra essa gente careta e covarde

Vamos pedir piedade

Senhor, piedade

Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

A propósito

Meu partido

É um coração partido

E as ilusões estão todas perdidas

Os meus sonhos foram todos vendidos

Tão barato que eu nem acredito

Eu nem acredito

(…)

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

(…)

O meu prazer

Agora é risco de vida

Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll

Eu vou pagar a conta do analista

Pra nunca mais ter que saber quem eu sou

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo

Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

Ideologia

Eu quero uma pra viver

Ideologia

Eu quero uma pra viver

García-Márquez, morra de inveja.

Você sabe que a sua família saiu de um romance realista-fantástico quando sua prima se refere ao seu pai como tio/primo, e você vai ver é verdade, ele é literalmente o tio/primo dela.

Também o tempo se move em hélices, com personagens trocando papéis, gerações que vêm e vão, repetindo o ciclo, os novos nos substituem, jogando na área do campo que era nossa, deixando cá aos mais experientes – a palavra é essa – a designação de técnicos.

E as conversas se desenrolam assim:

– …o tempo passa como num romance do García Márquez

– …verdade, me lembro de sua mãe grávida de você. Me lembro de você pequenina e engraçada e agora conversamos de mulher para mulher, apesar de que , você amadureceu muito rápido. Tudo na sua vida foi rápido demais.

Aqui, plena segunda-feira à noite, me vem aos olhos a saudade da casa cheia, da Biinha morrendo de rir e comprando vestido roxo na C&A.

Alguém um dia pensou um verso que dizia

amo tua voz e tua cor.

A voz eu entendi, mas a cor?

Agora entendo!

Tem gente que tem beleza na cor.

E tenho dito.