Beija eu

Mais um capítulo do Manual de Etiqueta Amorosa e Sexual do Canalha Gentil e da Safada de Fino Trato, a ser escrito por esta que vos fala assim que sobrar um tempinho:

A hora certa de conversar sobre monogamia e relacionamentos abertos, sobre disposições emocionais várias ou sobre a tara esquisita que te faz cantar o Hino da Bandeira na hora do orgasmo (pátria, filhos e mãe gentil na mesma frase) é – presta bastante atenção! – naquele intervalo de tempo depois de beijar e antes de tirar a roupa.

Antes do beijo esses assuntos podem ser um ótimo quebra-gelo mas o investimento na situação é baixo demais e as pessoas podem deixar de se permitir algo que nem é tão ruim assim.

Depois de tirar a roupa já é quase uma traição, uma propaganda enganosa, um descombinado se infiltrando ali onde não devia.

Kitty Reindeer

É muito ruim comprar gato por lebre, mas dá uma olhada nesse gato de novo, vai…

Para ouvir: Esqueça o que te disseram sobre o amor

Mistério do planeta

A Cris Guerra disse uma vez, e eu achei muito verdade:

“Fique atento, filho: quando acontece de encontrar a cada dia mais mundos com alguém, costuma ser amor.”

São amigos, tradições, famílias, hábitos e manias que emprestamos uns aos outros, são planetas e galáxias que formamos juntos aqui e ali. O difícil nesta vida é resistir à tentação de comprar o mundo do outro de porteira fechada, sem questionar, sem misturar direito, sem botar uns elementos nossos no contraponto e sem se reexaminar de quando em vez. A gravidade puxa pra dentro e a gente acaba se misturando tanto a ponto de acharem que a gente é dali. De a gente achar que é dali.

GRAVITY

Aí quando os planetas implodem a gente fica despatriado. A gente sai de um mundo pro outro sem nada na bagagem, ou com um ou outro souvenir intergaláctico. E se vê tão tão afastado da Terra que o único que resta é flutuar vagarosamente no espaço em caminho de volta e fazer do voo o mais agradável possível.