eu compro tendência, eu SOU tendência e tenho dinheiro! bu!

Corra lá para ler o post genial da Zel.

não compro nem camiseta com nome da marca escrito, acho um nojo. nem louca e bêbada eu uso uma bolsa toda estampada com a marca ou com aqueles Cs da chanel ou com aquelas placas-outdoors da prada, jesus me salve. precisa ser muito fútil e/ou babaca pra fazer questão de mostrar que usa a marca essa ou aquela. se você é minha amiga/o e faz esse tipo de coisa, disfarça e vamos fingir que nada aconteceu, tá? mas é fato: acho idiota e cafona.

Concordei de A a Z.

"Livro não é presente"

Outro dia li o post da Denise sobre o dia das crianças  e achei ótima sua sugestão de presentear os pequenos com livros. Neste feriado encontrei um casal de primos que têm duas filhas, de 10 e 8 anos. Eles disseram às filhas que "livro não é presente". Fiquei assustada quando minha mãe me contou isso, e ela explicou. Tanto a Bruna quanto a Marina adoram ler e pediram livros. O pai delas disse que elas tinham que pedir outra coisa porque livro elas têm que comprar quantos quiserem, muitos e à vontade; a única condição é que tenham lido os que compraram anteriormente.

Timing

Meu ônibus não passa na sua rua mas passa na esquina da. Será ainda a sua rua? Não sei, mas é ali que te imagino, te pressinto e procuro entre os pedestres desde a janela do ônibus como se conhecesse bem seu caminhar. Por muitos quarteirões durante a descida trato de adivinhar seu momento, se a vida amorosa já entrou no compasso, se o ritmo do trabalho às vezes ralenta, se as notas do seu cotidiano se afinam. Quem vê pensaria que falo de amante, mas amor mesmo só tem o que juramos fraterno e é. Intimidade tampouco temos, mas eu chegando perdida-flutuante-e-aflita não sei por quê desenhei em você certezas de porto seguro; agora a fantasia me falha com os emails não respondidos e a falta de notícias. Telefone nem pensar porque ainda me resguardo e a você também, sabe lá em que pauta pousa sua vida. Não há de ser nada porque o que quero é muito pouco. Quero sua presença tranqüila e aquele olhar de que me lembro, sempre do mesmo jeito meio sem-jeito, curioso e carinhoso. Olhar que demora.

Da série "Coisas que o dinheiro paga". II. Lixo.

– Revista Caras.
– SUV.
– Roupa vagabunda.
– Brinquedo de criança que faz barulho.
– Viagem só pra fazer compras.
– Imposto que a gente paga e nunca vê o resultado.
– Remédio pra fazer milagre (seja emagrecer, tirar cicatriz ou pôr cabelo).
– Tintura de cabelo.
– Televisão que fica ligada no máximo o tempo todo.
– Presente que compramos ou compram sem a menor consideração
– Comida super processada e cheia de corante.
– Sapato que machuca (é de morrer de raiva).
– Boate da moda pra ser mal atendido e dançar apertado.
– Produtos baratinhos e fofinhos, preferencialmente de plástico que serão jogados fora em dois segundos.
– Fast food.
– Roupa de marca com logotipo.
– Bolsa de grife (não se defenda, tenho direito a implicâncias).
– Roupa pra cachorro.
– Coisas desnecessariamente descartáveis.
 
(Esta lista exprime opiniões pessoais e mutáveis, me reservo o direito de mudar de idéia, como sempre.)
 

Da série "Coisas que o dinheiro paga". I. Luxo.

– Água de côco na geladeira.
– Manicure (embora o esmalte em si seja mau para o meio-ambiente).
– Cozinheira.
– Shows.
– Roupa de boa qualidade.
– Aquele presente que é a cara da pessoa.
– Sapato confortável.
– Hora marcada com a podóloga.
– Faxineira.
– Viagem.
– Livros.
– Móveis.
– Cinema.
– CDs ou música digital.
– Cerveja com os amigos.
– Selos para mandar cartas e livros pelo correio.
– Restaurante.
– Os eletrônicos que a gente escolheu e decidiu que precisa: laptop e câmera.
– Imprimir as melhores fotos.
– Um corte de cabelo decente.
– Chamada interurbana e internacional.
– Cachaça de Minas.
– Táxi e transporte público.
– Boneca de pano e carrinho de madeira.
– Um brinco que combina com tudo.
– Cursos de natação fotografia teatro artesanato e línguas.
– Artesanato de por onde se andou.

De última hora

Whenever I meet someone from blogland in real life, it’s like having a childhood imaginary friend appear in person.
(Gretchen Rubin)

Sexta então saí com um amigo imaginário e um amigo de infância pra tomar cerveja e descobri que, aparentemente, eu sou a última pessoa ruborizável do Rio de Janeiro. Dizem.

Ficha cadastral

– Há quanto tempo neste endereço?
– (Uma semana? Trinta anos?) Não sei, moça, põe qualquer coisa aí.

Cansada

Estou profundamente cansada, um cansaço mental e espiritual mais do que físico. Sinto-me como uma pessoa que ficou de cama de repente e é chamada para correr a maratona.

E uma senhora negra sentou ao meu lado hoje, não sei o que é nessas matronas de ancas largas e pele escura que me comove tanto, ela agarrou a minha mão e rezou baixinho. Eu só fazia chorar. Que vergonha.

O livro da irmandade das Ya-Yas não está ajudando muito.

Desassossego

     357.  

     Regra é da vida que podemos, e devemos, aprender com toda a gente. Há coisas da seriedade da vida que podemos aprender com charlatães e bandidos, há filosofias que nos ministram os estúpidos, há lições de firmeza e de lei que vêm no acaso e nos que são do acaso. Tudo está em tudo.  

     Em certos momentos muito claros da meditação, como aqueles em que, pelo princípio da tarde, vagueio observante pelas ruas, cada pessoa me traz uma notícia, cada casa me dá uma novidade, cada cartaz tem um aviso para mim.  

     Meu passeio calado é uma conversa contínua, e todos nós, homens, casas, pedras, cartazes e céu, somos uma grande multidão amiga,  acotovelando-se de palavras na grande procissão do Destino.

Bernardo Soares