De novo, Buenos Aires, Janaína Figueiredo:



Publicado em 15 de janeiro de 2004

TEATRO

O sucessodas paródias

Enrique Pinti é um dos melhores atores cômicos da Argentina. Suas peças são sempre um sucesso. A especialidade de Pinti é a realidade argentina. Todos os anos o ator monta uma peça nova, sempre inspirada no jeito de ser dos argentinos e nos acontecimentos mais importantes dos últimos tempos. Seus monólogos são únicos, divertidíssimos. Atualmente, ele está em cartaz com a peça

Os filhos

Kahlil Gibran

Seus filhos não são seus filhos.

Mas sim filhos e filhas do anseio da Vida por si mesma.

Eles vêm por meio de vocês, mas não provém de vocês.

E embora estejam com vocês, não lhes pertencem.

Vocês podem lhes dar seu amor, mas não seus pensamentos,

Pois eles têm pensamentos próprios.

Podem abrigar seus corpos, mas não suas almas,

Pois as almas deles residem na morada do amanhã, que vocês não podem visitar nem mesmo em sonhos.

Vocês podem se esforçar por ser como eles, mas não busquem moldá-los à sua própria imagem.

Pois a vida não retrocede, nem se demora no ontem.

Vocês são os arcos dos quais seus filhos são lançados como flechas vivas.

O Arqueiro divisa o alvo na trilha do infinito, e retesa o arco por Seu poder para que Suas flechas possam seguir rápidas e voar longe.

Que vocês cedam de bom grado à mão do Arqueiro;

Pois da mesma forma que Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que fica.

Olha o livro que eu comprei. Comprei em espanhol, porque pensei que não o encontraria em português…

Ih, assim já tá demais! Sonhar com blog?

Pena que foi só sonho, e as ilustrações do Weno não voltaram.

Falando em gente que não vi: tive um desencontro com a famosa Djones, tanto não liguei pra Meg que ela até acha que eu estive em Sum Paulo, levei um livro pra Anna que ficou no fundo do armário.

Os dias de férias foram tão desblogados que fico até com vergonha. Péssimo pra mim: depois, quando e se eu resover reler este blog, terminarei com lembranças vívidas da minha vidinha de cão e uma pálida memória das minhas maravilhosas férias.

Maravilhosas mesmo. Fiquei no Rio do dia 2 até o dia 8, quando fui pra Argentina. No Rio vi meus primos no almoço de formatura da Dilma, mas perdi a formatura pra arrancar dente. Na noite em que fizemos a extração (em 5 minutos, diga-se de passagem) a Tia Rosa veio visitar e eu falei até dizer chega, com a tromba anestesiada. Quando a anestesia passou quase morri de dor. Mas claro, minha dentista se exime da culpa. E a minha fada dos dentes trouxe o presente habitual pelo siso, oba!

Na Argentina, vôo atrasado para chegar, carona do Diego, Nacho chorando de surpresa ao ver o tio Tato, muita comida boa da sogra, muito doce de leite, muito cafezinho… Fomos a Pilar, vimos a Evan grávida de 5 meses comendo torradas com doce de leite pra o neném pular. Tio Eduardo e Erme, tia Alicia também foram. Florencia onda hare krishna fazendo ioga na beira da piscina. Fotos, fotos, fotos. Consulado italiano. Ganhar presentes – dois mates lindos, um de cuia mesmo, com um sol esculpido, outro de metal com a águia da tatuagem da Flo martelada no fundo.

De volta ao Rio – tempo acabando, tristeza – churrasco com a família do meu pai, muita muita gente, quase morrer de susto ao ver os primos e primas tão grandes, queimar o nariz todo de caipira que eu sou. Esqueci de comprar um monte de coisas que queria, não deu pra ver todo mundo que eu queria (shuif!), ela não pôde ir ao churrasco. O tempo todo da viagem e antes fiquei monitorando as notícias dos passeios de meus amigos em Paris, agradecendo ao cosmo por ter deixado eles se encontrarem e levarem um pedacinho de mim pra lá.

A conversa típica do domingo à noite foi na segunda, terça me despedi de todo mundo e da Bel. Subi no avião, desci aqui. O que eu faço agora?

Cheguei cá. Muita viagem, muito sono atrasado, muito nervosismo restante das pontas soltas do trabalho. Tento esquecer, deixar o acaso tomar conta da minha vida. Esse negócio de ser proativo, afinal, é neologismo dispensável.

Dia 2, 2 da tarde, meus pais e minha irmã foram nos buscar no aeroporto. Almoço da Bel (feijoada!), a Lav desmanchou minha mala em dois segundos. Gastón descansou, fui fazer o circuito básico cabelo-unhas-depilação (também chamado Betacircuit). Já não sou mais Iemanjá, nem tatu, nem Conga.

Comprei um tanto de coisas. Fomos à feira hippie hoje. Tenho 8 cds brasileiros na mala. Amanhã tem que ir ao consulado, tem um jantar com uns amigos aqui em casa, terça almoço com parentes, arrancar os dentes (divertiiiiido!), quarta de molho, quinta ir pra Argentina. Mais depois.

E nada de praia por enquanto, o tempo não ajuda.

FÉ CEGA, FACA AMOLADA

(Milton Nascimento- Ronaldo Bastos)

Agora não pergunto mais aonde vai a estrada

Agora não espero mais aquela madrugada

Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser

Faca amolada

O brilho cego de paixão e fé,

Faca amolada

Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo

Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo

Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar

Faca amolada

Irmão, irmã, irmã, irmão de fé

Faca amolada

Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia

Beber o vinho e renascer a luz de todo dia

A fé, a fé, paixão e fé, a fé,

Faca amolada

Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia

Deixar o seu amor crescer na luz de todo dia

Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser

Muito tranqüilo

O brilho cego de paixão e fé

Faca amolada.