As dez simplicidades.

O caminho da simplicidade não é um só. Quando alguém decide que quer uma vida simples, tem que também decidir o que é simplicidade. Aqui vai uma adaptação de “Garden of Simplicity“, por Duane Elgin.

Aviso aos navegantes: quem estiver disposto a participar de um blog colaborativo sobre simplicidade voluntária ou quiser discutir mais sobre o assunto, venha conversar comigo, please!

  1. Simplicidade é Escolha. É escolher o que é essencial deliberadamente e conscientemente. É ter liberdade mas também ter foco, não se distrair com influências externas, com a cultura do consumo. É eliminar o supérfluo para revelar nossos verdadeiros dons.
  2. Simplicidade é Mercado. Como tendência, a simplicidade faz com que haja um mercado crescente para produtos e serviços que conservam recursos e são duradouros. O consumidor ganha a oportunidade de influenciar o mercado com seu poder de compra, mas também corre o risco de ser ludibriado por produtos “esverdeados”.
  3. Simplicidade é Compaixão. Simplicidade é “escolhemos viver simplesmente para que outros possam simplesmente viver”. Simplicidade com compaixão é um caminho de reconciliação com outras classes sociais, outros povos, outras espécies, e gerações futuras.
  4. Simplicidade é Meio Ambiente. Simplicidade é limitar nosso consumo para evitar destruir ou desgastar recursos finitos. Também é desenvolver alternativas criativas e sustentáveis tais como energia solar e teletrabalho.
  5. Simplicidade é Elegância. A estética da simplicidade é cada vez mais usada em design porque provoca contraste com os excessos do estilo de vida consumista. Quem é simples foge do exagero e celebra o que é único, gracioso e elegante.
  6. Simplicidade é Frugalidade. Uma vez que se determina o que é essencial e quais são os valores realmente importantes, gastos supérfluos são eliminados. Assim, pode-se ter mais independência financeira e diminuir o impacto do consumismo sobre o planeta.
  7. Simplicidade é Natureza. Não só a natureza “mato e bichos”, mas também a saúde humana. Neste caso, a simplicidade consiste em buscar o equilíbrio através de contato com a natureza e atenção à própria saúde.
  8. Simplicidade é Política. Simplicidade é organizar nossas vidas coletivas de maneiras que nos permitam viver mais levemente sobre a Terra o que, por sua vez, envolve mudanças em quase todas as áreas da vida pública – de transportes à educação e mídia, ao design de nossas casas, cidades e locais de trabalho.
  9. Simplicidade é Espiritualidade. A simplicidade abre espaço em nossas vidas para saborear conscientemente as nuances da vida, independentemente do caminho espiritual que se resolveu trilhar. Os relacionamentos humanos também se beneficiam da vida mais simples.
  10. Simplicidade é Organização. Simplicidade é ganhar controle de uma vida que é muito ocupada, cheia de bugigangas, e muito fragmentada. É não só organizar mas reconhecer que quanto menos detalhes e distrações, mais fácil é levar uma vida simples. Como disse Thoreau, “A vida é desgastada pelo detalhe… Simplifique, simplifique!”

All I want for Christmas is you

Em 2005 escrevi um manifesto sobre um Natal sem presentes que na verdade era uma desbragada lista de desejos. Numa demonstração de suprema cara-de-pau reedito e traduzo esse post, agora que meu aniversário está chegando e as pessoas já dizem “Feliz Natal” livremente.

Naquela época eu já estava tentando simplificar a minha vida, demonstrando preocupação com o meio ambiente, meu bolso e minha saúde mental. De lá pra cá, duas mudanças e uma viagem internacional depois, meu apelido em família é “carmelita descalça”. Ainda tenho recaídas, e minhas noções de organização não são tão boas quanto eu queria, mas meu consumismo murchou e quase morreu. Cada vez que vejo um objeto de que gosto um pouco, penso em como carregá-lo em caso de mudança e minha empolgação vai embora.

Além disso, os feriados são uma fábrica de fazer loucos. As pessoas percebem isso mas continuam fazendo tudo igual: correria, compras, comida, stress, decorações, embrulhos, bebida, tudo em exagero. Pode ser que um dia eu tenha dinheiro o suficiente, fígado, paciência, espaço em casa (pra festa e pros cacarecos), mas por enquanto meu feriado é feito só de seres queridos.

Estou sendo meio radical, mas não estou sozinha. Existem o Dia Sem Compras (amanhã), o Natal Sem Compras, e o Natal de Cem Dólares. E neste mundo cheio de chás de panela, o Zander e a Vera se casaram (Mazel Tov!) e deram um exemplo lindo: pediram doações a instituições de caridade como presente.

Nada disso quer dizer que eu não gosto de presentes. Só acho que temos que ir com calma e achar um padrão sustentável. Adoooooro presente. Dito isso, minha lista de desejos…

Presente pra quem não quer presente

compráveis

Se você quer mesmo me dar uma coisa comprada, tente achar algo que seja diferente. Artesanato, ou algo consumível, como chocolate ou bebidas. Ou livros, que são sempre uma boa pedida, comprados à loja do seu bairro para fugir dos monstruosos shoppings.

usados


seus trens – Sim, eu quero suas tralhas. Se você não usa e acha que vou gostar, explique por que e adorarei ter algo para lembrar de você. Mas não se engane: se for um elefante branco, vai ser reciclado sem muito dó!
sebo/brechó – Em vez de comprar algo novo, compre uma coisa de sebo ou brechó. Vou gostar, desde que não tenha cheiro forte de poeira (eu sou alérgica).

tempo

ensine-me – Tem um monte de coisas que não sei fazer: cantar, cozinhar, dirigir… Pessoas talentosas podem doar seus esforços, embora em Minas digam que “burro velho não pega marcha”.
sirva-me – Cozinhar pra mim, consertar meu computador, me dar uma carona, me ajudar a me organizar… Ofereça e juro que não serei muito mandona (só a pedidos). E pode ser o crédito, não precisa ser agora, durante as férias.
momentos bons
– Jantar, beber, andar na praia, conversar, tomar café, ler o jornal juntos, ir ao cinema ou ao teatro… Tá valendo! Outro dia li sobre uma turma de amigos que faz um brunch de domingo e cada um combina de levar um jornal, e as pessoas passam a manhã assim, jogando conversa fora e lendo notícias…

caseiros

Sou contra essas idéias de artesanato onde você transforma uma coisa que você não quer em outra de que não precisa. O resultado final em geral não é lá essas coisas e o tempo gasto adiciona ao stress. Pense em algo que seja fácil e você sabe que vai sair bom, como juntar as suas músicas preferidas numa playlist, ou um caderno de receitas tão simples que até eu posso fazer (ó o desafio!), ou impressões das fotos mais embaraçosas do ano que passou.

fotos – Imprima as mais legais, ponha legendas. Ou coloque num álbum online bem cuidado…
cds – Ou um pendrive com músicas bacanas.
performance – Cante, dance, sapateie, represente.
arte – Mas nada que quebre.

pontos de dharma/crédito universal

Seguindo o exemplo da Vera e do Zander… Se quiser fazer uma boa ação pensando em mim e me dar um abraço depois, ajude o pessoal lá de Santa Catarina, que a coisa está feia. O blog AllesBlau tem mais informações e este mapa tem alguns pontos de coleta de donativos. Quem quiser ajudar o pessoal aqui de perto pode contribuir com a Casa do Oleiro, cujo trabalho sério eu tenho acompanhado de perto.

Sou ou não sou muito fácil de agradar?

A música que deu título ao post, em Love Actually.

Simplifiquei

Os hábitos (ou manias, dependendo do ponto de vista) que adotei de uns anos para cá:

– Não compro quase nada por impulso, e não faço mais compras por diversão. Não é sacrifício, é mudança de atitude mesmo. Outro dia fui à Ikea e não me deu vontade de comprar nada, saí até meio decepcionada comigo mesma achando que eu me divertia mais quando era mais consumista… Mas me pergunto: eu preciso mesmo disto? Onde eu vou guardar? Tenho ou já tive alguma coisa parecida? Como é que eu vou manter isto? (Detesto fazer limpeza e lavar roupa e comprar refil, portanto essa última pergunta é válida…) E acabo economizando desse jeito, o que me leva ao próximo item…
– Não conto mais centavinhos. Se eu sair com os amigos e gastar um pouco mais do que achava que devia, paciência. Se eu preciso comprar alguma coisa que vai fazer minha vida mais fácil/prazerosa, não fico alisando o escorpião no bolso.
– Tento usar tudo o que tenho. Isso está longe de ser verdade com as minhas roupas (estou programando uma arrumação que nunca chega), mas é mais do que comprovado com as coisas de cozinha e banheiro. Se não estou usando alguma coisa é porque não gosto o suficiente ou porque estou economizando. No primeiro caso, o destino do objeto é o lixo, e no segundo me convenço de que a vida é uma só e louça bonita é pra todo dia e aquele hidratante legal vai acabar velho e fedorento se eu não usar.
– Conseqüência do item acima: não compro xampu, hidratante e maquilagem se os que tenho ainda não acabaram.
– Outra conseqüência do item acima: tenho menos pena de jogar coisas fora. Nada de ficar guardando barbante, caixa e embalagens de margarina que eu não sou uma velha gagá, por mais ambientalista que seja.
– Exceção: detesto jogar eletrônicos direto no lixo, tento sempre vender ou achar alguém que vai aproveitar, doar. Tenho um amigo que implica terrivelmente com essa minha mania.
– Uso o mesmo produto de limpeza para tudo. Embaixo da minha pia da cozinha tem esse produto, vinagre, bicarbonato de sódio (ótimo para esfregar a banheira), detergente para louça, sabão líquido de lavar roupa e dryer sheets. Nada de limpador de azulejo, água sanitária, branqueador de roupa, etc, etc.
– Não tenho mais televisão. É uma longa história, ou talvez não tão longa: a tevê quebrou e não comprei outra. Eu sinto falta de ver Gilmore Girls (que já acabou), esportes e de fazer sessões de cinema com os amigos. Eu não sinto falta nenhuma da presença física do trambolho, dos mil fios e controles remoto, e do tempo que passava hipnotizada. Agora passo mais tempo online, assisto vídeos no computador, saio de casa para assistir jogos na casa dos outros se necessário, e o melhor de tudo: quem vem me visitar conversa comigo, não com a tevê.
– Tomei um pouco de raiva de gadgets eletrônicos. Ainda tenho alguns (câmera, ipod, celular, hd externo) mas penso mil vezes antes de comprá-los e compro o mais simples. Não tenho mais caixas de som externas para o computador, impressora (e é impressionante como não me faz falta), scanner, usb hub, nem computador desktop. A webcam eu ainda uso mas estou pensando que meu próximo laptop deveria ter uma embutida. Minha vida tem bem menos fios.
– Estou tentando conter as coleções. A de dvds só tem filmes de que realmente gosto ou que ganhei de presente, a de cds não tem tido nenhuma adição, a de livros é constantemente renovada pelo PaperBackSwap, a de moedas acabou sendo usada para lavar roupas.
– Exceção ao item acima: a minha coleção de revistas Real Simple é a coisa mais trambolhosa que tenho e ocupa uma prateleira e meia na minha estante. Comecei a assinar essa revista em 2002 e gosto muito, acho a edição bonita e tal. De uns tempos pra cá comecei a achar que tinha muita propaganda – ainda por cima do tipo que tem papel mais espesso e amostras – e dificultava ler a revista, então comecei a fazer que nem o meu pai (e eu o criticava por isso!) e arrancar todas as folhas que tinham propaganda dos dois lados. Cheguei à conclusão de que as propagandas fazem 25-30% do peso da revista mas mantive a coleção. Este mês achei a revista horrível, todos os artigos são sobre coisas que não têm nada a ver comigo, e pensei em parar de assinar. Aí mudei de idéia outra vez e resolvi que vou continuar a assinatura porque me dá acesso ao site, mas me livrar das edições antigas e recortar só os artigos que realmente me importam. Comecei um scrapbook hoje, é impressionante como eu gosto de cortar e colar, deveria estar ainda no jardim de infância!
– Esta vai aqui no meio disfarçadamente e não dou mais detalhes: parei de usar absorvente.
– Não guardo papéis desnecessários. Meus saldos de banco e cartão de crédito e minhas contas chegam todos por email. É verdade que tenho que me organizar melhor e começar a guardar esses documentos digitalmente, mas não preciso saber em que restaurante jantei em janeiro de 2005. Agora falta eu me acostumar a jogar fora os recibos do que eu compro, porque quando vejo a casa está inundada pelos malditos pedacinhos brancos de papel.
– Estou devendo a mim mesma uma arrumação na caixa de balangandãs, e continuo gostando de anéis colares e brincos, mas no dia-a-dia uso sempre os mesmos: um par de argolas, uma correntinha e um relógio.
– Continuo meio relapsa com os amigos e achando que deveria ter mais contato, mas aprendi muito bem a separar as coisas e não me chatear com as mancadas dos outros, e também a não fazer papel de boba. Okay, “muito bem” é exagero, mas estou melhorando…

O mais importante de tudo isso é que estou levando a vida que eu quero, fazendo meus erros e acertos por minha conta. Tenho muito a comemorar.

Digam nos comentários quais os truques e macetes que fazem sua vida mais fácil, eu estou sempre querendo aprender coisas novas…

O muito que eu li, o pouco que eu sei…

Eu sempre fui bagunceira. Em parte por ter descoberto só aos dezoito anos que as toalhas não se penduram sozinhas nem a cama se arruma por vontade própria, em parte por ser preguiçosa, e em parte por ter uma tolerância alta para bagunça. Para quem pergunta, eu digo que sou uma dessas mentes criativas que não se incomodam com coisas mundanas.

O que eu sempre fui, sim, é curiosa. Então de uns tempos para cá comecei a ler livros de “auto-ajuda” sobre organização. Uma outra ponta do que eu gosto é meio-ambiente. Nesses últimos meses comecei a fechar o círculo de tudo o que eu penso, e as coisas começaram a fazer sentido.

O primeiro livro que eu li sobre organização foi – desculpe, Teca – The Zen of Organizing. A autora explica que organização tem a ver com simplicidade, tranqüilidade, ordem interna. Obviamente, ela advoga pela eliminação de todo o supérfluo, mas sem ser muito radical, já que ela como organizadora profissional trabalha para gente endinheirada. O segredo é descobrir o que para você é supérfluo. Uma pessoa pode achar que ter três raquetes de tênis é necessário, mas espera-se que tal pessoa jogue tênis. Para mim, raquetes de tênis são tão úteis como… (tenho certeza de que conheço uma expressão engraçada para colocar aqui, mas não me lembro agora).

Depois li Order from Chaos. É um livro mais sobre organização de escritórios e gerenciamento de tempo, mas também mudou o meu jeito de pensar sobre várias coisas. Por exemplo, aprendi que escrever tudo no mesmo lugar é mais útil do que ter milhões de post-its, e que guardar as coisas que são mais freqüentemente usadas à mão faz mais sentido do que estar perto do que é mais importante. Parece óbvio, mas pense em quanta gente guarda o diploma na gaveta da esquerda e o grampeador na sala do colega. Gerenciar meu tempo ainda não é o meu forte, mas não falemos disso agora…

A definição mais legal que encontrei de organização foi saber onde as coisas estão e saber onde o seu tempo vai. Por motivos mais do que práticos e autobiográficos, percebi a que ponto a desorganização é fruto de confusão mental e acúmulo de coisas acessórias e inúteis. Qual é o sentido de consumir, consumir, guardar, guardar? As minhas coisas começaram a “murchar” de um ano para cá, depois de intervenções várias principalmente por parte da minha roommate e da minha irmã. Eu também me avivei de certas coisas, já não guardo camisetas queridas e furadas se uma foto pode me lembrar de bons tempos. Eu diria que os últimos três ou quatro meses foram especialmente frutíferos no que diz respeito à diminuição do meu patrimônio material e conseqüente aumento do meu espaço físico e psicológico. Ter coisas também é preocupar-se com coisas. Mas por que todo mundo quer tanto????

Aí entra o meu lado abraçador de árvores e ripongo. Quanto tempo a Terra vai durar se todo mundo comprar o último plástico da China? A natureza, mamãe natureza, não pode ser vista como fonte infinita de recursos e receptáculo infinito de lixo. Vir para os States me abriu ainda mais os olhos. O que é lixo para alguns é a alegria dos estudantes pobres. É assustador, as pessoas nem sequer se dão ao trabalho de procurar um destino mais feliz às coisas, objetos, que outrora quiseram tanto.

Nesse sentido há um movimento de reversão e repulsa ao consumismo que eu estou esperando sinceramente que pegue. As indústrias, que agora têm cada vez mais que pagar pelo espaço que seu lixo ocupa, tentam encontrar outras firmas em que os seus resíduos sejam considerados matéria-prima. E as pessoas cada vez mais tentam dar mais tempo de vida aos objetos inanimados através de doações a entidades não-governamentais ou mesmo a pessoas. Assim nasceram sites como o freecycle, por exemplo.

Essas idéias todas já tinham ressoado em mim quando li Natural Capitalism e depois Waste and Want, em que uma historiadora explica como o way-of-life americano foi modificado para acomodar a obsolescência planejada e a banalização do descartável. Simplificar foi uma idéia que tirei dos livros de St. James, uma autora americana. E correndo atrás de mais informação sobre essa idéia aparentemente revolucionária li sobre um casal que vive com 7 mil dólares por ano, um absurdo de pouco por estas terras. Li o livro – com um título pra lá de cafona – desse casal, e eles enfatizam bastante a idéia de que se trabalha para conseguir o que os vizinhos têm (keep up with the Joneses), ou seja, nós estamos trocando energia vital por objetos de consumo.

Este fim-de-semana – depois de ter escrito este post e guardado no desktop do meu computador sem os links – vi um documentário do canal público daqui (PBS) chamado Affluenza. Influenza é o nome da gripe braba por aqui: resfriado é “cold”, gripe é “flu”, quando o bicho pega é influenza mesmo, como a gripe espanhola. Affluenza é um trocadilho com a doença da afluência, abundância. O casal que eu citei acima aparece no documentário, e várias outras pessoas interessantes que estão tentando mudar alguma coisa. E o filme, de 97, já soa datado, imagino que os números estejam até defasados, e que a quantidade de e-lixo ainda tenha piorado muito.

Eu diria que meu círculo de amigos é principalmente composto de pessoas alternativas. Isso explica por que eu tenho amigos que me confessam fazer o esforço consciente de ter apenas coisas que podem ser transportadas em um carro em caso de mudança (ao invés de um caminhão). Mas também estar nesse círculo faz com que eu me choque cada vez que vejo pessoas que acumulam uma vida de coisas inúteis antes de completar 30 anos. Amigos também, mas eu não posso nem dar um toque e dizer que “ei!”, eles estão enterrando a cabeça em uma quantidade de bagagem que acho que nem meus pais têm. E por falar em pais, quantas caixas de coisas tontas eu tenho lá em casa? Livros, cadernos, quinquilharias ocupando armários?

Eu estou tentando ficar mais leve, sem dieta. Eu quero não gastar meu dinheiro ou minha energia de vida com coisas que serão esquecidas ou não serão usadas. Eu quero ter liberdade de ir e vir sem carregar um mundo de bugigangas. Eu quero ter uma pegada pequena no planeta Terra e que ninguém me culpe de usar recursos naturais da pior maneira. Eu quero ser simples, eu quero ser zen. Ah, e organizada também.

Acho que estou no caminho certo, porque todas as coisas se encaixam, um bom record de Tetris. Agora só tenho que colocar a boca, o dinheiro e o coração no mesmo lugar.