Quem de dentro de si não sai
vai morrer sem amar ninguém

Um Manifesto Etílico-Digital.

A implicância do dia é com quem despreza a internet como lugar de encontro e amizade e lança o mesmo desprezo à mesa de bar. Como se…
28 Jan

Como se toda amizade e todo amor só pudessem vir de interações profundas e/ou elevadas. Essa gente tá perdendo a vida. Tem que ver isso aí.
28 Jan

E de mais a mais quem critica a internet em geral não está marcando chopp nem chá nem café “porque a vida anda corrida”. Discurso hipócrita.
28 Jan

E quem critica o chopp e a mesa de bar não está saindo por aí tendo conversas filosóficas e inteligentes. Duvideodó.
28 Jan

Internet serve pra marcar chopp e filosofia de botequim é o que há, e as pessoas mais interessantes que conheço falam abobrinha lá e cá.
28 Jan

Amo vocês, desci da tampinha, acabou o discurso. Obrigada.
28 Jan

Alguma coisa está fora da ordem

‘Tain’t what you do, it’s the way that you do it.

Como sempre, na névoa entre ir de um lugar ao outro, entre um tem-que, um quero-muito e um será-que-dá, as palavras ficam se enroscando e fazendo cócegas nas idéias. A palavra da vez foi foco.

Ontem acordei com o pé esquerdo e fiz o que pude para focar no mau humor, mergulhar nele, já que não tinha jeito, e me emputecer com o email errado, com o diálogo idiota no gtalk, com a sacola azul voando pelos ares, com o casamento para o qual não fui convidada em 2007, com os nay-sayers, com a fumacinha que pairava sobre as outras pessoas com quem a segunda-feira não estava sendo nada gentil, com o pequeno desencontro, com tudo. No fim achei foi graça, contei pra todo mundo a história do casamento em 2007 (juro, olhei nos arquivos do gmail, nem sinal de convite) e pronto. Virou piada.

Fui a um evento. Foco no marketing, boas companhias, transfusão de bom humor, cabelo grisalho em gente nova, essas coisas. A amiga me conta no meio da conversa: “todo mundo dizia tanto que foco é indispensável que dispensei o que é múltiplo em mim, mas eu não posso ser uma coisa só, eu tenho que ser muitas”. Achei tão bonito, consolidar sendo muito.

Jantei. Foco no mais importante. Se os ingredientes faltam nos restaurantes, não dá pra pensar em comida sem pensar em gente sem casa. Olhar para o que – quem – é essencial, olhar vendo, falar e ouvir, conseguir discernir. Não devia ser difícil, e nem é, mas precisa da mente quieta, da espinha ereta, precisa de um coração pululante, precisa não distrair com o que é colorido e brilha. Precisa alinhar, afinar, sintonizar. Focar.

E aí você vai ver a falta de foco é só foco em outras coisas mesmo. Esperadas, desesperantes, o que for. Porque era mesmo o que você queria, ter foco em alguma coisa, e se distraiu além da hora do jantar. Porque passou um menino bonito ou uma menina charmosa e você deu aquela viradinha marota com a cabeça. Acontece. Pisca forte, olha o horizonte, abraça bem o seu amor e ó: foco.

Hoje melhorei, troquei de pé, tudo fluiu melhor, obrigada. Ainda vai ter um enrosco ou outro, vou ficar indignada com coisas pequenas (a fama se sustenta desde 2005, um novo tipo de recorde ou prova de que sou mesmo muito teimosa e pé-no-peito), vou cismar ou me distrair ou virar um girassol, mas as coisas entram nos eixos que-eu-sei.

Tive foco suficiente para escrever vários parágrafos sem encostar em uma caneta. Mas a foto que publicaram de mim na rede social? Fora de foco. Melhor mesmo. Foco demais às vezes não faz bem. Pergunte às formiguinhas.

Esta é antiga. Fev/2008.

Ela desatinou (II)

Foto: Loris Machado.
Foto: "O Abraço", por Loris Machado.

(Calma, bem mais calma, bem mais em paz.) Sorriso ou não, fez bandeira de viver diferente. Tudo era movimento e jogou da janela do ônibus suas verdades amassadas com as mãos. Rejeitou cada dogma da paixão: desejo não é indício de alma gêmea, aventura nem sempre é sair do porto seguro, e intimidade é um lençol bagunçado que sobra de um lado e falta do outro. Astronauta de si mesma, flutuou impelida pelos novos músculos e pelas entranhas fortes. Achou bonito entrar na roda-viva e nunca mais aceitou quem tem a cabeça a pé.

Eu te quero seu

Você, rapaz trotamundos já não tão inexperiente, que soube temperar testosterona com ternura, que para o bem ou para o mal sempre escolheu suas mulheres por serem fortes, que sempre as tratou muito bem, que quando não as tratou bem soube suportar o castigo estoicamente, que foi amigo das suas amigas, que emprestou os ouvidos a corações machucados, que foi camarada dos eleitos das amigas, que aguentou com esportiva as piadinhas dos amigos gays das namoradas, que convive modernamente bem com as ex-namoradas (mesmo as malucas), que soube aprender coisas, que soube ensinar coisas, que nunca aposentou o chapéu de amigo, que amou desamou deprimiu e amou, que foi passado de mão em mão pelas mulheres que te amaram para ser entregue à encantada, que viajou léguas only to be with her, você, criança grande do coração maior, merece encontrar sua sweet Lorraine.