A Cris Guerra disse uma vez, e eu achei muito verdade:
“Fique atento, filho: quando acontece de encontrar a cada dia mais mundos com alguém, costuma ser amor.”
São amigos, tradições, famílias, hábitos e manias que emprestamos uns aos outros, são planetas e galáxias que formamos juntos aqui e ali. O difícil nesta vida é resistir à tentação de comprar o mundo do outro de porteira fechada, sem questionar, sem misturar direito, sem botar uns elementos nossos no contraponto e sem se reexaminar de quando em vez. A gravidade puxa pra dentro e a gente acaba se misturando tanto a ponto de acharem que a gente é dali. De a gente achar que é dali.
Aí quando os planetas implodem a gente fica despatriado. A gente sai de um mundo pro outro sem nada na bagagem, ou com um ou outro souvenir intergaláctico. E se vê tão tão afastado da Terra que o único que resta é flutuar vagarosamente no espaço em caminho de volta e fazer do voo o mais agradável possível.