Em homenagem à Maricota, um poema que eu adoro:

A Lagartixa

(Álvares de Azevedo)

A lagartixa ao sol ardente vive,

E fazendo verão o corpo espicha:

O clarão dos teus olhos me dá vida,

Tu és o sol e eu sol a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,

Tu és meu copo e amoroso leito…

Mas teu néctar de amor jamais se esgota,

Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas

Não preciso no prado colher flores;

Engrinaldo melhor a minha fronte

Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,

Em fazer-me ditoso ela capricha;

Vivo ao sol de seus olhos namorados,

Como ao sol de verão a lagartixa.

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