A minha história não termina aqui. Ela é um pedaço de hélice, sob certos ângulos tem-se a impressão de que apenas começa, mas não: vem de tempos imemoriais. Mesmo o pedaço que testemunhei às vezes parece tão longo que até me canso. E a hélice se estende a perder de vista, pois quem pensa em um fim não sabe do que fala.

O único problema é que ter consciência de que a hélice gira sozinha não me ajuda muito. Primeiro, porque se ela vai girar mesmo surge a preguiça – eu? – de tomar caneta e papel e desenhá-la. E, depois, ainda que tenha a minha ajuda, controle eu não tenho sobre para onde serpenteará a danada.

É por isso que o meu primeiro impulso é encolher-me e ficar assim, quietinha, e, esperar o mundo passar lá fora, tomando a precaução de espiar pela beirada do cobertor vez por outra.

I have heard what the talkers were talking…. the talk of the

beginning and the end,

But I do not talk of the beginning or the end.

(Whitman, Song of Myself, trecho)