Ok, sem escrever há tempos, comecemos do mais recente.
Não quero contar historinha hoje porque já é quase hora de dormir. Tantos momentos neste blog funcionam como Polaroid, é isso o que eu quero hoje.
Quero lembrar da Anubha dizendo "thank you, thank you, thank you so much" em sua festa surpresa, depois indo de pessoa em pessoa, perguntando – "e você?", ao que a pessoa dizia o próprio nome. É que ela teve um acidente em janeiro e perdeu a visão. Ela vê vultos e usa o computador usando um programa especial que mostra duas linhas na tela, enormes. Só assim para ela enxergar. Eu não a via há quase dois anos, e fui mesmo assim à festa. Um privilégio ver e ouvir (ah, e comer, que comida indiana é muito boa! terceira vez na semana, contando o delicioso jantar em Friendship Heights) mas talvez eu tivesse que me preparar mais, dei vexame, fiquei emocionada em vê-la e ficou fácil confundir minha emoção com pena. Não era. Era emoção mesmo, um monte de coisas que vieram à minha cabeça, a oportunidade de conversar com outras pessoas que lá estavam e que também não via há tempos. Uma delas foi uma professora do departamento que me incentivou à beça a trabalhar no que eu quero e ainda disse que vai fazer a aluna dela entrar em contato comigo "porque ela tem muitos interesses e eu não quero que ela fique entediada, eu quero que ela se mantenha feliz". E mais apoio ainda eu tive da Anhuba, dizendo que sim, eu vou arranjar um emprego, porque as coisas acontecem do jeito que têm que acontecer e que ela é a maior prova disso. Agora, dá pra ficar de olho seco com uma criatura dessas?
Na hora do bolo, ela parou e fez um pedido, a imagem mais linda que vi hoje, sua postura de meditação. Presenciei o costume indiano que manda que os convidados sirvam comida ao homenageado, todos pegaram um pedaço de bolo e fizeram a coitada comer, ela já estava que não agüentava! E no discurso ela disse que estava feliz de ter todos os amigos ao lado dela, que ela teve um apoio enorme da família e dos amigos e que estava tendo a oportunidade de ter um segundo primeiro aniversário, do qual ela se lembrará para sempre. Um amigo indiano rebateu na hora: "Primeiro aniversário? Por que as mulheres sempre têm que mentir a idade???".
Definitivamente, uma lição na arte de não reclamar da vida, tema que já se repetiu vááááárias vezes esta semana.
Para completar, tirinha do blog do Guilherme, amigo da Teca e juiz de trovas: