Thank you falettinme be mice elf

Escrever não enche barriga, dizia eu para mim mesma com o estômago roncando. Mas aí lembrei do espaço vazio que era pra ser a minha cabeça, quer dizer, era pra eu anotar o que vai pela mente e fica parecendo o quê? – no mínimo que pensei pouco e vivi muito, só parte verdade.

Eu já não falo mais de bebês, não é, amor?, ela disse enquanto fazia sons irreprodutíveis para a criança em seu colo, e o marido teve vergonha de responder pra não perder a amiga.

Uso sempre algo vermelho no reveillon para ter quem esquente meus pés, e eu literal à vera escolhi vermelho nos sapatos. Agora qual a simpatia para todas as viradas de ano serem tão incríveis? 2009 promete.

Você é classe D, não tem carro nem tevê nem casa própria. E se for questão de escolha, posso ser classe média iluminada? Rica de espírito?

Lá é tão deserto que você vê um espelho e fica puto, tenho inventado lugares tranqüilos com uma freqüência absurda, e obviamente nesses lugares não chegou a famigerada reforma ortográfica, graçadeus.

Infinito foi esse minutinho que passou agora, e essas coisas não ficaram registradas porque são de foro íntimo, embora os telhados testemunhem gritos pelados toda hora. Gritos pelados é uma expressão do espanhol, veja bem, não será coincidência que o amor traga de volta pedaços reciclados para quererte, abollarte y comerte a besos…

3 Replies to “Thank you falettinme be mice elf”

  1. “Lá é tão deserto que você vê um espelho e fica puto”.

    uma das minhas frases favoritas no porvir pra sempre.

  2. Reforma ortográfica cá? Eles se socorrem de um eufemismo insuportável chamando esta coisa gorda de “acordo”. Mas, não os odeio, porque eles têm os professores que merecem, falidos e desiluminados.
    Por incrível que pareça a frase do deserto me lembrou Brasília, o lugar mais deserto do brasil, cheio de poltronas almofadadas a pegar pó. Lá um espelho provocaria miríades de protestos: é coação diriam eles.
    Maffalda, te descobri pelo Twitter e vim ver no que dava estas paragens e acabei gostando da “convoluta paramétrica”, tudo de bom, Mara!

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