Diário pra mim tem jeito de rebarba de caderno espiral. Sempre arranco o que a ridícula de meses atrás escreveu. Não sabia nada, coitada. No blog ao menos me obrigo a ser críptica, tentar parecer inteligente, me preservar, mandar recados escondidos a mim mesma, dedicar sentimentos anos depois – viu? aquele Matisse é de quando você me esqueceu – ou entregar meus segredos a outros na forma de links para três declarações de amor aleatórias seguidas. Mesmo assim, os posts não nascem no teclado quase nunca, e sim em cadernos espirais, numa caligrafia que, se tivesse sido usada num diário, garantiria a hermeticidade por si só.