Agora eu escrevo tudo em segunda pessoa e isso é bom, porque quer dizer que eu escrevo para você, que está fora de mim. Não interessa se você é o meu amor da adolescência, o homem em quem eu pensei por todos esses anos, a mulher incrível que eu admiro à distância, o amigo com quem me desentendi.
Você. Você me assombra, você me persegue (e não o contrário), você me ensina sem nem saber. Você me provoca, você me inspira. Eu não sei o que eu faria se te encontrasse na rua, ao acaso. Eu queria contato, eu queria resolução, eu queria te fazer perguntas, eu queria ver o escuro do mundo.
E aí descubro que você está fora de mim porque está tão dentro, e isso me vira do avesso.
Você tem música, tem gosto, tem cheiro, tem a sensação de quando está perto, e se não esteve tão perto tem memória associada e fantasia de quando a gente se encontrar de novo, porque a gente vai se encontrar de novo, Whitman, eu sei.
Queria te dizer que a gente se viu hoje, você não viu, eu vi, e eu sei quem somos.