Foto inspirada pelo post do Hiro. Tirada em 80, quando minha irmã ainda gostava de mim porque me achava fofinha!
Ainda bem que meus dentes se juntaram. Eu pareço o Tico e o Teco.
Viciei em livros. Não estamos tendo mais espaço pra eles. Revistas custam 3 ou 4 dólares. Na livraria da universidade há livros por 1 dólar, 2, ou 50 cents. Se me interessa, eu compro. Eles não têm propaganda e não me dizem como devo me vestir.
Não sei o que é pior: não tomar café e dormir na aula ou tomar e ficar se perguntando porque é que todo mundo tá falando TÃO devagar!!!
Incrível até hoje ninguém ter feito uma música pro café. Um samba pro café. Uma ode ao café. Uma escultura. Um painel gigante. Café pra dar e vender. Café é bom e faz crescer. Não me venha falar na malícia de todo café. Minha alma canta, vejo uma xícara de café. A cafelisa. David tomando café. Sei lá.
Amigo que é amigo chacoalha.
De anteontem pra ontem tive um sonho louquíssimo, que incluía pessoas que conheci em vários lugares. Estavam todas hospedadas na casa da Luiza em Praia Linda mas ninguém sabia que a casa era dela. Sonho comprido e cheio de detalhes. Depois que eu acordei e contei o sonho pro Gastón me lembrei de uma história de família. Reza a lenda que naquela casa de praia da prima, que tinha infinitos sobrinhos, era necessário escrever bilhetinhos do tipo “não se esqueça de fechar a geladeira”, no melhor estilo república, e ninguém nunca sabia ao certo quantos estavam hospedados. As pessoas se conheciam na praia e perguntavam “onde você está hospedado?” ao que a outra respondia: “ali”. “Ah, é? Eu também!”. Daí que minha prima abriu uma pousada. Ótimo, não? Qualquer dia eu vou.
Uma amiga um dia me disse que não acreditava em almas gêmeas. Só acreditava em pessoas que funcionam juntas.
A minha mãe, que é muito católica, me ensinou coisas que não se ouvem na igreja com muita freqüência: que a gente veio ao mundo pra ser feliz e que até Jesus era bom mas não era bobo.
Por isso me surpreendo quando percebo que as pessoas (eu aí incluída) estão mais dispostas a acreditar em palavras do que reparar em ações e acabam sofrendo.
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai não vai
Assim como não vai não vem
Eu nunca idealizei o príncipe encantado. Eu queria mesmo era a amizade perfeita. E sofro pra caramba de perceber que nem a minha amizade com a Marcia é perfeita, simplesmente porque isso é impossível. E parece que quanto mais a gente sonha mais faz um buraco, depois o buraco fica tão grande que a gente fecha os olhos e põe qualquer coisa no buraco pra tampar. Existe uma pessoa que eu amava de paixão perdida, e continuo gostando, com quem eu não falo há 2 anos e 8 meses. Essa pessoa influenciou todo o meu jeito de ser, desde o gosto musical até os gestos, se bobear até a minha caligrafia. Foram 11 anos sendo unha-e-cutícula, como nós brincávamos, pra acabar comigo decidindo que assim eu não queria, que assim estava mal, que se não era pra ser recíproco e saudável não ia ser de jeito nenhum. Ficou uma falta daquelas, uma saudade enorme, mas isso vai se dissipando e eu tento não ter raiva.
Não é fácil… Estou sendo cínica? Provavelmente. Mas acho que assim é melhor.
Words of love, so soft and tender
Won’t win a girl’s heart anymore
If you love her then you must send her
Somewhere where she’s never been before
Worn out phrases and longing gazes
Won’t get you where you want to go, no!
Words of love, soft and tender
Won’t win her
You oughta know by now
You oughta know, you oughta know by now
Words of love, soft and tender
Won’t win her anymore
O último post fazia muito mais sentido quando ainda estava dentro da minha cabeça, pero bueno…
Ela se casou hoje. A Lindona. Aquela menina gorduchinha, que se apresentou com um sotaque tão paulista, Marrrrcia, e perguntou meu nome. Igual ao da mãe dela, ela disse.
Meus pais foram à festa. Liguei para o celular da minha mãe e pedi pra falar com ela. Não consegui falar nada, só chorei. Falei com o marido dela também. “Obrigado por estar aqui com a gente”, mesmo pelo telefone. Voltei a falar com minha mãe. Ela também chorou. Um desastre. Agora escrevo com as lágrimas caindo pelo computador afora.
Mas o que eu queria? É como quando éramos pequenas. Mesmo se ela dormisse lá em casa duas noites seguidas, mesmo quando já não tínhamos mais brincadeiras que inventar, eu chorava aos borbotões quando ela ia embora. Aos sete anos, comecei a estudar piano só porque era na casa dela, a professora era a minha xará. Depois já não estudávamos juntas, mas pelo menos tínhamos essa desculpa. E nossos passeios. Ir ao teatro com os pais de uma ou de outra. Fazer balé juntas. Fofocar, agora que já não estávamos na mesma classe.
A distância foi só aumentando. Mas só na geografia, não no coração. Uma no Rio, outra em São Paulo. Muitas férias. Lá, cá, no Espírito Santo. Eu contava os dias para podermos estar juntas, falar tanto sentadas à janela ou antes de dormir. Ou depois de, como às vezes acontecia: eu contava um caso compriiiido, e depois ia ver ela tinha dormido no meio.
Um dia fui a São Paulo e ela me disse que a família estava se mudando para Sorocaba. Tínhamos 16 anos, íamos fazer o terceiro ano. “Eu não quero ir pra lá.” Fez um escândalo, se trancou no quarto, chorou. Mas foi. E adorou.
E foi lá que ela conheceu o que hoje, agora, há umas duas horas, é o seu marido. Certinho que só ele, ou melhor, que só ela. Gente fina. Eu estou feliz por eles, juro. Mas não consigo parar de chorar. É como se ao mesmo tempo eu desejasse tudo de bom e tivesse uma dor de quem teve um pedaço arrancado. Dou-me conta agora de que a distância geográfica importa, sim. E de que os nossos caminhos vão se bifurcando cada vez mais. Seremos amigas, sim. Eu sei que ela gosta de mim, e eu gosto dela também, mais do que as palavras podem expressar. Só que agora eu sei que talvez nossos filhos não cresçam juntos, talvez não sejamos capazes de manter contato pra sempre. Apenas o tempo dirá.
De qualquer maneira, terá valido a pena. Ela é seguramente uma das pessoas mais importantes na minha vida. Ensinou-me coisas pequenas (se você mantém o papel alumínio no chocolate não lambuza os dedos) e lições inesquecíveis. Que família da gente não é só a família de nascimento. Que uma amizade não é feita só de semelhanças e coincidências (ter nascido no mesmo lugar, ter dado o primeiro beijo na mesma semana), mas também de diferenças (de comportamento, de posicionamento religioso, de opinião em vários assuntos). Que o apoio dos amigos não precisa ser incondicional, só precisa ser sincero. E que momentos bons estarão sempre marcados, onde quer que estejamos.
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Os fatos: a Marcia, que não é mais gorduchinha, é um mulherão de alta e loira, nasceu no Rio, como eu. Mudou pra Sampa aos 4, eu mudei aos 5, e foi lá que nos conhecemos, no colégio Santa Marcelina, Jardim D. Na segunda série ela foi pro turno da manhã, mas nossos pais já tinham ficado amigos por minha conta e nós nunca deixamos de nos ver. Eu mudei de professora de piano lá pelos 9, 10 anos. Hoje eu detesto piano, não me lembro de mais nada. Quando eu fiz 12 anos fui morar no Rio. Ia a São Paulo de vez em quando, e um ano depois começamos a nos ver nas férias quase sempre. Passamos uns bons verões em Guarapari. Ela mudou pra Sorocaba e estudou Direito. Eu mudei pra Campinas e estudei Física. Casei-me com o Gastón em 2000, e ela foi madrinha. Hoje moro nos Estados Unidos, estou em semana de provas e perdi o casamento. De todos, esse era o que eu não podia ter perdido…
College Park, MD, EUA, 3 de maio de 2003. 7:55, horário de Brasília.
E o mais legal disso tudo é constatar que é um povo mais civilizado que o nosso, que tem maior carinho conosco do que vice versa, é como um irmão mais velho que admira o mais novo, mas o mais novo tem prazer em contestar o mais velho pra se autoafirmar.
Na mosca, Dudu!