Valsa de uma cidade

Depois do último post várias pessoas me vieram contar sobre sua relação com o Rio. Eu, por minha vez, descobri que minhas casas são mesmo as pessoas. Esta é a primeira vez que me mudo sem ser à moda caramujo. Por pudores de falar sobre tais casas onde me aninho e colos onde faço morada – assunto para quando tiver mais coragem e idéias organizadas sobre salas de estar, cozinhas e sobre correr nua por corredores – vou falando dos lugares por onde passo e descrevendo as descobertas de meu namorinho com o Rio.

Hoje a aventura foi sair pelo Centro em busca de amarras invisíveis (fios de nylon, para os menos poéticos). Surpreendentemente achei meus caminhos auxiliada pelas instruções de jornaleiros e do senhorinho simpático da Papelaria Charme do Castelo. Cheguei ao destino e o rádio da Casa Cruz anunciava com a voz da Bethânia “…então tá tudo dito e é tão bonito e eu acredito num claro futuro…”. Ultimamente até as cartas de tarô debocham de mim, por que não o rádio?

Achei o que procurava. Voltei feliz e encontrada, adivinhando nas esquinas, ruelas e portas de lojas um Rio intrincado, bonito, misterioso, contraditório e apaixonável, de que posso usufruir com calma sem necessariamente me dispor a comprar a escritura de um comércio na rua da Alfândega. Tudo o que eu queria.