Que diferença da mulher o homem tem?

Comecei dizendo que não queria ser mulherzinha e depois decidi que não queria ser machinho. Carece examinar com cuidado meus cromossomos comportamentais ou buscar no meu corpo o equilíbrio, Logunedé amazona.

O blog, por exemplo, é feminino do título às entrelinhas, passando pelas eventuais crises hormonais. Rola muito forte uma parada The Hours, onde as mulheres são seres borbulhantes nas profundezas e os homens, maridos-filhos, só vêem a superfície, “não sei de onde veio isso, ela enlouqueceu”.

Reli vários novembros. Percebi que este é mesmo o mês da retrospectiva. E das paixonites. Flores, amores, rancores, calores, dores, primaveras, outonos, temores, enganos. Algumas das paixões vingaram, outras não, outras vão. Também fui ridícula. Sem saber e também, feito agora, sabendo, fui ridícula no sim e no não.

Os nãos foram poucos, porque nunca entendi quem diz esse “não” preventivo, quem interrompe uma história feito quem sai do cinema. O sexo é bom, a conversa rendeu, e você de repente pára tudo e diz “vai dar merda, paramos aqui”? Isso me parece muito feminino e entendo que confunda os homens. Já vi essa bolsa de valores sendo operada por gente muito inteligente e muito estúpida, mas até agora em geral comprei na alta e vendi na baixa por não saber dizer chega.

Com ciclos dentro de ciclos fica mais óbvio que em algum momento vou ter que me despedir na cabeça de uma história que nem começou. Quando isso acontecer, vou morrer de pena, vou escrever cafona, vou chorar de birra, vou deixar a porta aberta e vou partir feito macho.

Para ouvir: How do I let a good man down?

7 Replies to “Que diferença da mulher o homem tem?”

  1. Dá gosto de ler. Porque, independente das idéias contidas, tá sempre cheio de frases muito bem construídas. Contéudo até pode parecer hermético, porque é bem pessoal, a ponto da ousadia de um comentário destrambelhar tudo.
    Por isso que o jeito é parafrasear o comentário da Cláudia Simas:
    “Se não merece, decifre. Se não entender, ainda assim aproveite”

  2. E eu que achava a gente tão diferente mas complementar, hoje em dia só me acho mais imatura e impulsiva porque no final das contas tudo o que você escreve aqui parece pra mim… Oh! Wait…

    Ps.: Só consegui ler agora e como sempre amei, minha eterna coordenadora!

  3. Pra não passar em “brando” e deixar aqui uma pequena pegada de minha visita, sou obrigado a concordar com o comentário anterior de Antônio Araújo, e “re-parafrasear” Cláudia Simas: “Se não merece, decifre. Se não entender, ainda assim aproveite”
    Escreve muito bem, tens traquejo com as palavras… I was charmed by his writing…

  4. Ser machão ou mocinha é igual à roupa do dia. Pelo menos na minha opinião. A gente é mulherzinha e às vezes cansa. Começamos a ser machão e depois tudo fica muito chato de novo. Então acho que é legal ficar trocando entre um e outro, vez ou outra. Acho muito chato ficar sempre na mesma, e eu me odiaria se eu descobrisse como eu sou. Prefiro ser um ser em constante mudança, não necessariamente evoluindo porque de vez em quando também é bom “in”voluir..Hehe..
    =1

    1. Eu não me lembro tão bem do Habla con Ella, Shmoo, mas faz sentido o que você falou. Eu reparei bem foi no Volver, porque lá as mulheres são a única presença, os homens são só pra debaixo-da-terra, e mesmo assim o olhar do diretor é todo masculino pois ninguém mais filmaria o pé debaixo da cama, aqueles saltos, aqueles decotes.

      Mas o que eu sei, né? Eu sou apenas uma mulher.

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