Eu sempre me prometo que não vou mais escrever sobre você e que se escrever não vou mostrar nada. Vai daí um dia fico bêbada e mostro, porque é tão bom ficar nua desse outro jeito.
Bons tempos em que eu podia só lembrar de vez em quando e ensaiar displicente o que diria se te encontrasse na rua.

Agora a gente não vai encontrar na rua (oi, pandemia) e há possibilidades outras que você poderia aventar mas não oferece – impossibilitado, bravo, sem vontade, sei lá. Vontade e querer são soberanos, você sabe. Precisa de dois, pelo menos.
Então o lembrar agora é mais cotidiano. Você conhece a minha cabeça, ela viaja no tempo que nem um DeLorean. O suspiro que você deu na escada quando eu passei por você tá na mesma página da rua atravessada às pressas, às gargalhadas e com o coração aos pulos.
Voltei pra terapia só pelo gosto de dizer que os nós que você me dá são melhores que os que te faço.
(27-dez-20, publicado no twitter e mastodon em outras ocasiões, no blog em 17-fev-25)