Heeeey! I’m a trouper!
Como é que era? Ah, sim: agora me arrependo, roendo as unhas…
Conversa vai, conversa vem, deixei este comentário lá na Meg:
Só queria deixar bem claro que eu ADORO Cem Anos de Solidão!!!
(Mas gosto mais de O Amor nos Tempos do Cólera. É perfeito. El corazón tiene más cuartos que un hotel de putas.)
Se não enfiasse os pés pelas mãos, não era eu. Se não deixasse tudo pra última hora, também não. Se não morresse de nervoso, seria um alien na minha pele.
Ufa! Ainda bem que me reconheço nesse reflexo, nesse espelho. Tudo tem seu lado bom.
– O que você quer? O que você quer, de verdade? Mas e você, o que quer?
A pergunta vem repetida por todos os lados, em estéreo, estéril.
Mesmo quem indaga sabe que somos poucos os que deveras sabemos.
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, eu só quero que você me queira, eu só quero chocolate, I want some sugar in my bowl, quero encontrar pelo caminho um cogumelo de zebu, hoje eu só quero que o dia termine bem, eu só quero fazer parte do backing vocals, e cantar o tempo todo “shoobedoodaudau”.
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor.
Vai ser assim.
No aeroporto, ganharei beijos e muitos abraços pendurados. Vai estar um calor daqueles. Vou pra casa, tomo um banho pra tirar o cheiro de avião, embora a viagem não tenha sido tão comprida assim. Aí vou a um salão fazer a tortura mor, depilação. Depois também corto o cabelo, faço pés e mãos. Sempre falando. A essa altura eu terei tomado bastante água e litros de coca light.
Depois eu vou fazer compras, mas não muitas. Duas ou três blusinhas, uma camiseta com o nome da cidade, muito brinco-perua-de-argola com a mestra das mestras pra me ajudar a escolher. Talvez compre também uma sandália de plataforma, se tiverem 40. Hmmm, um jeans. Ou uma calça preta.
Tudo isso de manhã, aí podemos almoçar no shopping mesmo, quem sabe um crepe, depois torta de limão.
De tarde eu passo na agência de publicidade, mais beijos, mais abraços, falar potóca um pouquinho, combinar pra noite. Dormir de tarde, ser acordada pela mãe, tomar outro banho – eu disse que vai estar calor? – passar prifume, sair pra jantar. Se não for sushi que eu cégue! Conhecer aquele moço moreno que está sempre com elas.
No dia seguinte, praia com as duas moças, aprender cada gesto e cada cara que não vi até agora. Aprender o sotaque nos mínimos detalhes, soltar expressões sem sentido, rir à beça, fazer carinho sem medo de ser feliz e supita.
Rinse. Repeat.
Tenho que ir a Recife logo…
Estou ouvindo Sinatra e Jobim mas é porque eu sou boba, eu tinha mesmo era que estar ouvindo Djavan, Djavan na veia.
Eu não sei,
que será de mim!
Eu não sei
e nada me importa saber
eu só sei,
que havia um mar à vista ali
você passou assim por mim
e eu me perdi.
se eu pegar na mão , te beijarei
te beijarei
não consigo mais de vontade de ficar
o que há entre eu e você
é raro
é na falta de ar do teu olhar
que o sufoco crescerá eu sei,
ora se sei!
Não encontro mais nada pra me segurar
tudo poderá acontecer
é claro!
E um cheiro de amor
Empestado no ar a me entorpecer
Quisera viesse do mar e não de você
(…)
Porque seu coração é uma ilha
em seu ofício de obedecer à paixão
seja como for, sempre se faz por prazer
tudo o que o amor diz
aliás, quem não quer ser feliz?
Não sei julgar o que há em ti
Sentir com precisão
Se é fogo ou água, já desisti
Queimem o que sobrar de mim, espalhem as cinzas em Maceió!
Film noir.
Vou dormir com um sorrisinho no canto dos lábios, e a bênção de Santo Antônio. Sem cantar vitória, mas com o dever cumprido.
Eu não consigo imaginar uma casa que, tendo a presença dela, não seja cheia de boas energias e muito abençoada. Mas não se peca por sobra de amuletos… A arvorezinha que ela me deu está aqui, presença constante já em dois apartamentos.
Se eu vou à praia no Rio as pessoas apontam e riem, aqui até que eu não sou tão branca. Mas é só eu tirar a roupa que o sol esconde. Vou acabar comprando um desses bronzeadores sem sol, é o único jeito de eu ficar marronzinha.