Ela acreditava no amor e por isso já não estava esperando. Sempre soube procurar beleza no fugaz e se duvidava, às vezes, se o fugaz não era mais belo só porque não deu tempo. Mas porque não tinha paciência com filosofia tentava mesmo era viver, e vivia enfileirado. E porque o amor era belo mas não raro, resolveu viver sem a moral bourgeois tão em voga nos seus meios. Resolveu é dizer, tentou. Eu não tinha amor por ele, ao depois amor pegou. Sem esperar, veio, tranqüilo como na canção repetida à exaustão, tranqüilo até demais, desamarrado, solto. Com isso aprendeu a manobrar, navegar, gritar, aprendeu a tirar do chão a força do chão e do mar a força do mar, aprendeu a sentir o vento e respirar de acordo, aprendeu que a raiz cresce buscando outra seiva, enraizar na terra é mais difícil e melhor.
Começo meio e fim.
Só faltava ele soltar essa, como nos filmes: Baby, eu vou tirar você desse lugar. Eu acreditaria. Fácil. Ele já veio com pinta de herói, querendo parecer maior do que é, olhando firme e beijando forte, respirando rápido e falando sussurrado. Eu tentava rir e não descer do meu arzinho superior, por dentro a garota de sempre incrédula achando que a maravilhosa devia ser outra, desculpe, moço, foi engano. Da cozinha pra mesa da sala, daí pro sofá, daí pra cama. Ao todo, 6 línguas, dos beijos perdi a conta, uma adolescência inteira worth of kisses. Estranhamente, a conversa também era de colégio: livro, computador, escola, amigos de escola, namoradas, namorados, família, babá, comida, cursinho, futuro, carreira. Quando chegou a hora de dizer tchau foi uma coisa muito sofrida mas também muito lúcida, dois adultos escolhendo caminhos distintos mas mantendo o carinho de antes.
A história toda durou dois dias.
Largança
Eu estava mesmo precisando de uma aventura, e lá estava ele, do outro lado de uma dessas janelas que tecnicamente não vão dar em lugar algum. Um dia ele veio do lado de cá da janela, e confessamos nossos vícios – depois nos atiramos neles. Ele reparava em mim e às vezes dizia que eu estava bonita, nunca que eu era. Também observou como eu fumava e disse que era em little baby drags. E ria das minhas paranóias.
Boa parte do tempo eu não sabia o que ele estava pensando. Como eu tentava!, como eu reparava!, nunca descobria. Se era ambíguo ou se um lado era fingimento, nunca cheguei a saber. O pequeno gênio sempre com a mente anuviada, o menino rico se fazendo de gangster, apaixonado com todas as suas células e fingindo frieza, uma alma feminina agindo masculina, e a pele de bebê com cheiro de cigarro.
Pendurei o meu vestido, costurei, lavei, fiz doce, não literalmente, porque não é assim quem sou, mas eu queria aquele homem mastigando perto de mim não como amante, como um amigo de horas atrás com quem se dividem as velhas piadas de sempre. Nasci mesmo na época errada, deveria ser do tempo em que um bom caso rendia ao menos uma crônica, ou duas, ou três, mas o que há de se esperar de alguém que nunca soube o que é um Rubem Braga na vida?
Quem sabe seja a hora de deixar que ele vá. Ninguém disse que vida de bruxa era fácil.
Baby, baby, I love you.
You know, you must try the new ice cream flavor
Do me a favor, look at me closer
Join us and go far
And hear the new sound of my bossa nova
Baby, baby
It’s been a long time
You know, it’s time now to learn Portuguese
It’s time now to learn what I know
And what I don’t know
Baby, baby,
I love you
A sub Rosa, o super Rosa, e nossas veredas.
Todos estão loucos, neste mundo? Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são de mais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente – o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem o perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.
Riobaldo em “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa
(e descaradamente roubado da Meg)
Happy Birthday, Gmail!
I love you!
(Oh, speaking about love: this year’s April Fool’s is all about romance, complete with a matching blog entry. If only the darn calendar were released soon…)
Pra mim que amo estrada aberta
O pode-cast que tem música brasileira de primeira qualidade, tem o chefe narigudo mais inteligente e musical da paróquia, tem sotaque carioca, tem teoria musical, esta semana tem trios, incluindo Hermeto + Airto + Ron Carter, e tem também referência às palavras de ordem que saíram da cabeça do Mário Lago pras mãos dele, das mãos pro papel, do papel para a voz, da voz para o disco, do disco para uma caixa de som, da caixa de som diretinho pra minha lista de coisas a prestar atenção e seguir à risca:
Três coisas pra mim no mundo
Valem bem mais do que o resto
Pra defender qualquer delas
Eu mostro o quanto que presto
É o gesto, é o grito, é o passo
É o grito, é o passo, é o gesto
O gesto é a voz do proibido
Escrita sem deixar traço
Chama, ordena, empurra, assusta
Vai longe com pouco espaço
É o passo, é o gesto, é o grito
É o gesto, é o grito, é o passo
O passo começa o vôo
Que vai do chão pro infinito
Pra mim que amo estrada aberta
Quem prende o passo é maldito
É o grito, é o passo, é o gesto
É o passo, é o gesto, é o grito
O grito explode o protesto
Se a boca já não dá espaço
Que guarde o que há pra ser dito
É o grito, é o passo, é o gesto
É o gesto, é o grito, é o passo
É o passo, é o gesto, é o grito
(Mário Lago)
PS: O áudio veio da página do Acuri.
PPS: Fala de gesto, lembro dela.
Mínimas
- Do obituário da minha televisão:
Not only I gave up on tv, my tv also gave up on me – for Lent and beyond. It went out in grand style, with a sad click, the sudden darkness and a weird smell, right in the middle of Pride and Prejudice this Friday night.
- Meguita gostou do link da Bettie. Como diz meu amigo aqui: “diliça!”.
- Sonhos cada vez mais esquisitos. Vixe, sai pra lá… Quando são bons é bom, mas esses roteiros emprestados de filme de ação são de quinta!
- O filme Pride and Prejudice, que nós terminamos assistindo no laptop da Juju, me deu vontade de agarrar um livro da Jane Austen e ficar me deliciando com as heroínas cabeçudas dela, e de ver a versão inglesa com Colin Firth. Dili… ah, deixa pra lá.
- Assustador, ontem: colocar o disco do Leo Jaime que eu ouvia quando tinha 10 anos e ainda saber toooodas as letras de cor, e cantar junto inclusive o solinho de guitarra de “eu vivo só”.
- Comprei 4 cds usados por 7 dólares, uma moça muito econômica. A saber: REM, Out of Time, por 1 dólar, Marisa Monte, Great Noise (com os peitinhos do Zéfiro devidamente cobertos por uma tarja preta, a indecência!), 1 dólar, Bebel Gilberto, Tanto Tempo, 2 e 50, e Egberto Gismonti, Nó Caipira, 2 e 50. Voltei pra casa bem contente, tá?
Desejo de regresso
Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.
E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.
Porque há doçura e beleza
na amargura atravessada,
e eu quero memória acesa
depois da angústia apagada.
Com que afeição me remiro!
Marinheiro de regresso
com seu barco posto a fundo,
às vezes quase me esqueço
que foi verdade este mundo.
(Ou talvez fosse mentira…)
Cecília Meireles
(in Mar absoluto)
De repente eu percebo que não é só a sopa que eu tenho que digerir…
Há todo um saldo e dívida de abraços por receber e dar, e não tem um caixa automático por perto quando eu mais preciso, só em sonho mesmo é que os abraços aparecem até inesperados, mas trazendo um conforto que me acompanha pelo dia inteiro.
E o pior de chorar olhando pro teto com medo do escuro é a lagriminha que entra furtiva no ouvido, estragando o romantismo todo da coisa.
Ao vivo, de dentro da colcha lilás.
How I did it
For ages I intended to clean my computer of the ageing of Windows XP
with its cluttering files, all the programs that I installed and
uninstalled and installed again and didn’t use anymore, and my own
useless junk. Ages, I said? A few months, the total age of the system
being around 18.
Less than a week after I took the plunge, lifehacker.com editor Gina
Trappani gave instructions for exactly that. I noticed I wasn’t that
far off. Yay!
Here’s how I did it:
1) I bought an external HD because, they say, backing up is
important. And because of what I know I’m capable of. I’m the kind of
computer user who knows just enough to screw things up. I proceeded to
back up everything on my laptop’s HD.
2) A few days later (during Carnival), I decided to reinstall Windows with the cd that
came with my system. I asked around for support and encouragement,
which I got from Leo and Azy (thanks!). I checked for documents I had
altered in those few days, and backed those up. I should have used
mozbackup to backup my firefox (although I had the bookmarks), or the
docs and settings feature of Windows XP, but one of my purposes was to
get rid of my own stuff, so I didn’t bother.
3) Disk in hand, I reinstalled Windows. Wasn’t that difficult. I
thought I would have to curse a few times, but it was unnecessary.
4) Back online! My pendrive had the key for the wireless connection.
5) Install the fresh programs from Google Pack. Beeeeeautiful. I
didn’t install all the programs, but it was a huge help: Ad-Aware,
Adobe Reader, Google Desktop, Firefox, Picasa and Trillian all at
once.
6) Tweaking is my middle name. I got rid of the “bubbly feel”
(wakalix‘s choice of words) of Win XP sometime ago, and changed
several other things: no startling sounds, no confirmation for
deleting files, show me the whole path on the window, remove the
programs I didn’t want, switch start menu to classic view (more
below), disable error reporting,… Hard work, but my machine is my
machine and it’s exactly the way I want.
7) Customizing the start menu. I want access to the programs and I
want it FAST! No digging through all the folders and programs in
simple alphabetical order. So now I have just the shortcuts for the
programs in one of the three main program folders (Web & docs,
Housekeeping and Media), no uninstall shortcuts or licences or help
files. I can always get to those the difficult way.
8) More software, this time, the stuff I really need: Office, VPN,
Viruscan and Endnote. The first three were free from the university,
Endnote is a life saver worth every penny.
8) I didn’t bring all the stuff back. My photos, music and personal
files are only in the external HD. I understand at this moment it’s
not backup anymore, but I can live with that.
9) I put a folder named Junkdrawer on My Documents and it’s working
really well. I will try to make my folders as I go along, and keep
them sensible.
10) Manteinance. Place your bets, I wonder how long I can keep
everything this clean and organized. Meanwhile, in my bedroom…