Escrever rápido antes que Dory esqueça:

Morar fora do seu país é ótimo para aprender uma outra língua, mas também é um aprendizado de silêncio. De entender quando você não vai ser entendido, quando o lugar, a pessoa, o momento são errados. De saber que aquela frase tão esperta que você ensaiou tanto na sua cabeça vai ser seguida de um “excuse me?” ou “now, what’s that?” e um clima arruinado. De sacar que a história, ou pior ainda, o ditado de que você gosta tanto vai perder muito ou tudo na tradução.

A gente viaja tão longe, pra aprender a ser mineiro…

Se alguém tentou me ligar, não conseguiu. Fui a uma festa da universidade chamada All Niter (vi Nemo de novo, de grátis!) e a secretária eletrônica não atende porque a luz não voltou ainda…

Aquela conchinha tão linda que eu – aos quatro anos – catei na praia não acordou na minha mão. Teve minha mãe que explicar que sonho é assim!

Há um tempo todo mundo linkou um tal site que dava o resumo dos filmes em uma, no máximo duas frases. Tem umas discussões na vida da gente que tinham que ser assim. Situações que se prolongam por dias, semanas, meses, e poderiam ser resumidas em diálogos mínimos.

– Eu preciso da sua ajuda.

– Mas você está me prejudicando.

– Deixa de ser egoísta. Eu preciso da sua ajuda.

– Mas você está se prejudicando.

– A minha vida é uma droga. Você não me entende. Deixa pra lá. Eu não preciso mesmo de você.

Pra você que está do outro lado do mundo andando de cabeça pra baixo:
o servidor wam não estava funcionando ontem e eu achei que você não estava lendo seus emails,
além disso liguei pro seu hotel e disseram que você tinha ido embora!
Bocoió!
Tô sem luz e sem água quente, te vejo no aeroporto (fedidinha e com um pé de cada sapato)!

Vou desconectar tudo agora e esperar a tempestade passar…

Estarei condenada a chorar como uma bezerra cada vez que ouço A Novidade???