Não sei se minha frase é original, mas aí vai:

A felicidade é REDONDA!

Desmontar uma casa de 200 anos, montá-la num museu. Tinha lido sobre isso num artigo do Pedro Dória há um tempo, e hoje fui ver a exposição.

O que mais me impressionou foi um texto explicativo sobre a família que viveu na casa nos anos da II Guerra. Dizia que a dona da casa, Mary Scott, participava do esforço de guerra plantando vegetais, estocando gordura e guardando o metal das latas de comida para mandar para o front. E depois frisava que “naquela época, o governo deixava claro aos cidadãos que um lar simples era um lar patriótico, e que as decisões de uma família afetavam toda uma nação”.

Parece que esse tipo de pensamento não sobreviveu nem ao tempo nem à transição de escala, e se a minha família resolver comprar uma SUV que gaste bastante combustível e emita bastante e o vizinho reclamar, o problema é do vizinho que provavelmente está só com inveja da minha riqueza.

Caso você esteja se perguntando, o livro da Clarice Lispector termina na página 182 e sim, eu cheguei lá.

– Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa mas seremos um só.

Clarice Lispector, em “Uma aprendizagem, ou O Livro dos prazeres”, 18.ed., p. 85.

Três raios de sol no meu cabelo e eu fico apaixonada de novo. Agora feito plantas, os cabelos, grandes e lisos como há muito tempo. E marca de biquíni. Marca de biquíni é essencial.

Começa o verão, de verdade desta vez. E eu não nego. Nêga.

     Mais uma vez, nas suas hesitações confusas, o que a tranqüilizou foi o que tantas vezes lhe servia de sereno apoio: é que tudo o que existia, existia com uma precisão absoluta e no fundo o que ela terminasse por fazer ou não fazer não escaparia dessa precisão; aquilo que fosse do tamanho da cabeça de um alfinete, não transbordava nenhuma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete: tudo o que existia era de uma grande perfeição. Só que a maioria do que existia com tal perfeição era, tecnicamente, invisível: a verdade, clara e exata em si própria, já vinha vaga e quase insensível à mulher.

     Bem, suspirou ela, se não vinha clara, pelo menos sabia que havia um sentido secreto das coisas da vida. De tal modo sabia que às vezes, embora confusa, terminava pressentindo a perfeição ―

     de novo esses pensamentos, que de algum modo usava como lembrete (de que, por causa de perfeição que existia, ela terminaria acertando) ― mais uma vez o lembrete agiu nela e com seus olhos ainda escuros agora pelo pensamento perturbado, decidiu que veria Ulisses pelo menos mais esta vez.

Clarice Lispector, em “Uma aprendizagem, ou O Livro dos prazeres”, 18.ed., p. 25.

Não que eu tenha lido tudo, claro, mas as partes que eu li eram engraçadas.

De las aguas mansas líbrame Dios.