O eterno deus mudança

A cada degrau do declínio do Império Americano, surgem movimentos culturais de simplicidade que tentam trazer à tona os princípios dos fundadores religiosos dos Estados Unidos, a austeridade dos peregrinos protestantes e quakers. Tudo indica que desta vez é pra valer: esse tema tem entrado para a cultura mainstream e vêem-se cada vez mais adeptos.

Se dos anos 60 e 70 herdamos movimentos mais radicais, como os sobrevivencialistas (que são o centro da piada do filme De volta para o presente) e as correntes espiritualistas defensoras da vida simples, hoje há novas expressões da simplicidade tais como minimalismo, location independence e consumo colaborativo. Também se destacam novas formas de usar o tempo (redução da jornada de trabalho e mais trabalho freelance), desenvolvimento de habilidades autossuficientes (“faça-você-mesmo”) e mais relacionamentos dentro de uma comunidade de acordo com interesses comuns.

Para mim, os mistérios são dois. Um é como tudo isso vai se juntar e o que vai permanecer no mainstream quando e se a crise passar. O outro é como vão se desenvolver essas iniciativas no Brasil, onde o crescimento econômico recente foca muito no consumo e esquece a sustentabilidade.

Por enquanto estão surgindo aqui e ali algumas idéias de trocas e compartilhamento de bens (consumo colaborativo), tanto locais (Toma Lá Dá Cá, dia 13/8 no Rio!) como online (DescolaAí), muitos sites falando de ciclismo, e mais e mais pessoas “alternativas” (no bom sentido!) com idéias legais. Vai que cola…

http://vimeo.com/26573848

Ótimo vídeo da autora Juliet Schor falando da Economia da Plenitude.

Randy White, o criador do site Bright Neighbor, de Portland. Ele defende com unhas e dentes que existe um plano B para a crise americana e que ele inclui, necessariamente, agricultura urbana e local. Pena que ele parece um pouco doidinho ao falar das suas idéias. Mesmo assim, vale dar uma olhada.

Caso não tenha ficado claro: tem muita oportunidade de desenvolvimento de ferramentas online para incentivo de consumo colaborativo (veja o vídeo da Rachel Botsman) e aplicativos mobile para incentivar trocas de bens e serviços locais. Larguemos o vício do ineditismo e comecemos a experimentar na adaptação e tropicalização das tendências lá de fora. Não é imitação, minha gente, é leapfrogging!