Meus mais sinceros conselhos para quem está redigindo ou reformando o próprio currículo.
Disclaimer: Nada aqui é conselho profissional. É tudo chute.
Siga por sua conta e risco.
1. Não escreva “Curriculum Vitae” em letras garrafais no alto. Coloque apenas o seu nome em destaque, fonte tamanho 14 ou 16, no máximo. Se você não fez alguma coisa muito errada no conteúdo ou na formatação, ninguém vai achar que é uma receita de bolo. (Também não coloque seu nome como uma imagem jpg colada no arquivo. Sim, já vi isso.)
2. Não coloque foto. A não ser que a vaga seja de modelo ou apresentador, a não ser que a empresa peça explicitamente, não é bom tascar aquela 3×4 no currículo.
3. Brasileiro, solteiro, 25? A sua idade pode ser deduzida mais ou menos pela época em que você terminou (ou vai terminar) a faculdade. Uns 99,9% das pessoas que se candidatam a vagas no Brasil são brasileiras (mencione se você não é). E isso de colocar estado civil e número de filhos eu acho o fim da picada. Você está insinuando que ser solteiro é melhor ou pior que ser uma mulher casada em idade fértil ou um pai de 3 filhos?
4. Coloque seu email, telefone de contato e endereço. Coloque também as redes sociais de que você participa, principalmente se estiver se candidatando a um cargo relacionado a marketing digital, mas dê uma conferida antes nas informações que estão em aberto nas suas redes. Você não vai querer mostrar todas as suas fotos zuper zexy ao recrutador nem incluir um twitter “com cadeadinho”. Ah, deixe de fora o número do RG, CPF, e nome dos seus pais, não é ficha na polícia. Também é desnecessário escrever “email:”, “telefone:” e “endereço:” antes de cada informação. Isso vale também para as outras partes do currículo, é dispensável escrever “empresa:”, “cargo:”, pois em geral a formatação e a inteligência do recrutador dão conta do recado.
5. A formação deve ter datas de conclusão (ou previsão) em ordem cronológica reversa. Não precisa incluir o ensino médio se já faz algum tempo que você se formou. Não se esqueça de incluir a pós e cursos relevantes.
6. Sua experiência profissional também deve aparecer em ordem cronológica reversa, com o último emprego primeiro. Nome da empresa, cargo, data de entrada e saída (mês e ano) e uma descrição breve. Preste atenção à linguagem da descrição: escolha se quer usar verbos no infinitivo, substantivos, verbos em primeira pessoa no passado (fica esquisito, mas é questão de gosto), e fique firme para não parecer uma salada. Quanto às descrições, aproveite esse espaço para falar de habilidades que você adquiriu em outras posições que podem ser úteis na sua busca atual. Também é importante ressaltar mais as posições mais recentes.
7. Nas informações adicionais, inclua seus conhecimentos de softwares, línguas (se mentir tem castigo!) e outras atividades, tais como atividades voluntárias, intercâmbios e projetos paralelos.
8. Se tiver feito muitos freelas, você pode escolher entre incorporá-los na seção de experiência profissional ou colocá-los numa seção à parte.
9. Algumas pessoas gostam de colocar um resumo no começo do currículo com as qualificações profissionais. Tem que ser curto. A vantagem de ter uma seção assim é que você pode adaptá-la para diferentes vagas.
10. Capriche na formatação. Mantenha coerência na formatação ao longo do currículo: se usou itálico para cargo e negrito para o nome da empresa faça isso para todos os itens, por exemplo. Sem frescura, um tipo só de fonte, mesmo espaço entre os parágrafos, um espaço um pouco maior entre as seções, no máximo duas páginas, mesma indentação em tudo, bullets todas do mesmo tamanho, etc. Não deixe o Word decidir por você, mostre quem é o chefe.
11. Revise mil vezes. Corrija o português. Mande para um ou dois amigos e peça a opinião deles.
12. Se vai imprimir, imprima num papel branco e limpo, nada de coloridos ou marmorizados. Se vai mandar por email, salve em pdf (o CutePDF serve para isso). Além de ser um formato mais bonito, você não corre o risco do software avacalhar a formatação do doc (na melhor das hipóteses) ou mostrar o arquivo com todas as suas correções (na pior).
13. PelamordeD’us, não mande o currículo anexado no email sem escrever nada. Descubra o nome da pessoa que está recrutando, mande umas linhas simpáticas dizendo que seu currículo está em anexo e que você está disponível para a entrevista, algo não muito formal mas também não muito desleixado. Não estrague a primeira impressão.
14. Confie em você e nos seus revisores. Se parecer mais conveniente inverter a ordem das seções para mostrar as suas melhores qualidades primeiro – freelas mais interessantes que as experiências, ou uma formação acadêmica que tem pouco a ver com a sua carreira atual – vá em frente. E esteja preparado para mandar o currículo no corpo do email, só em texto, se isso for solicitado.
Boa sorte!
Este post, como diz lá o disclaimer, é quase um desabafo e está repleto de opiniões pra lá de pessoais. Agora que eu já estou mais leve, dê seu palpite nos comentários também. Aproveite para contar qual foi o currículo mais estranho que você já recebeu ou enviou.