Change the Web – mais informações

Visão: Criar um concurso que incentive centenas de novas apps tal que as pessoas sejam facilmente levadas a oportunidades de agir, não importando em que parte da rede estejam.

O desafio: Desenvolvedores competem por US$10,000 em prêmios dados às melhores aplicações que recolham e distribuam dados na API da Social Actions.

Cronograma: Lançamento dia 16 de fevereiro. A competição acontecerá ao longo de 12 semanas e os vencedores serão anunciados dias 26-28 de abril.

Seleção dos ganhadores: Vinte finalistas serão selecionados por voto aberto (como no desafio N2Y3) e um painel de juízes decidirá os três ganhadores.

Que tipo de apps esperamos? Isto será completamente determinado pela inspiração dos desenvolvedores! É provável que haja apps para Facebook e iPhone, assim como twitter e wordpress.

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ALGUMAS PERGUNTAS

Vocês estão esperando ou encorajando algum tipo especial de apps, e como vocês vão lidar com apps que conectam a dados mais “fechados”.

Nosso lado é aberto, claro, e o outro lado sempre pode ser fechado, mas qualquer um pode usar a API para qualquer tipo de aplicação e submeter ao concurso. Facebook, Ning, OpenSocial – tudo depende do que empolga a comunidade de desenvolvedores. Nós não ditamos que tipos de apps serão construídas, mas vamos continuar encorajando outras comunidades, como a do iPhone.

O desafio parece centrado na América do Norte até agora. Eu gostaria de ver mais juízes internacionais e outras coisas que fariam um concurso realmente internacional.

Definitivamente temos o objetivo de ser internacionais e poliglotas. Quanto à API, Wokai (China) está entrando, estamos encorajando RSS feed do GiveIndia, e estamos falando com Greater Good South Africa e outros. GlobalGiving, Kiva, e NABUUR já trazem ações internacionais para a API. Para o desafio, por favor dêem sugestões do que poderíamos fazer para estimular um concurso global. É importante atrair desenvolvedores ao redor do mundo.

O prêmio é para uma app que funcione ou para a melhor idéia, ou ambos?

Nós queremos apps completamente funcionais. Teremos um mini-concurso separado para votar em boas idéias, e encorajamos os desenvolvedores a buscarem aí boas idéias, mas o desafio mesmo é para recompensar apps completamente usáveis.

Nossos parceiros na plataforma adorariam que os aplicativos resultantes do desafio incluíssem os dados que são mais importantes para nós: o tempo e as ferramentas para atender às requisições de voluntários, por exemplo. Quais são seus planos para enriquecer os dados acessíveis na API Social Actions, para que os aplicativos que a usam sejam mais relevantes?

Nós temos que divulgar que o microformato Open Actions está disponível — com 16 tipos de dados mais comuns a todas as plataformas — e que as plataformas agora têm a opção de usar isto, ou o RSS. Também esperamos que o desafio incentive o uso do microformato Open Actions nas plataformas.

O widget “Related Ways to Take Action” se baseia exclusivamente na relevância de palavra-chave, ou ele usa os datapoints da API Social Actions?

Ele usa exclusivamente relevância de palavras-chave. Estamos trabalhando para incorporar a possibilidade de votar as ações positiva ou negativamente, compartilhá-las com amigos, e outras funcionalidades que possam ser colocadas em um feed de ações sociais de alto impacto.

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O site oficial do desafio (en).

Mais informações para desenvolvedores (en).

Estas questões e outras (en).

Press release (en).

Press release (pt).

Post na We-Magazine (en).

No twitter: @changetheweb, @socialactions.

Eu estou fazendo a divulgação em português, com ajuda graciosa de @dj_spark e @natzrosin. Se quiser se juntar a nós ou perguntar alguma coisa, é só procurar @maffalda!

Queria ir embora
antes que fosse o dia da colheita.
Ir embora para
que não culpem
a minha presença
pelos poucos cereais
deste ano.
Queria ir embora
a pé, mesmo, levando
um cachorrinho cotó
que me segue sempre –
não sei por quê.
É isso. Vou embora
amanhã. E se eu
sair ao meio-dia – e posso
sair ao meio-dia, ninguém
vai reclamar nem me
perguntar nada – ninguém
vai dar falta de mim.
O único que vai me castigar
é o sol. Não ligo!
A sombra eu deixo pro
cachorro cotó, se ele
não desistir de me seguir.
Quando se der a colheita,
estarei longe, mas alguém
há de se lembrar que
na semeadura eu estava
presente.
E dirão que as
sementes não vingaram.

17/12/94
(Tenho achado papéis velhos.)

Sejamos nós os nós.

Post requentado do Simplim, em homenagem ao Campus Party da semana passada. Se quiser comentar, por favor faça-o no post original, de 25/06/08.

Este é um texto sobre comunidade, ou melhor, o senso de comunidade. Ele deveria começar com um parágrafo sobre como só as pessoas do interior/de antigamente/os nossos avós sabiam o que era a boa vizinhança, e espinafrando as invenções modernas/a pressa/as grandes cidades porque reforçam a noção de individualidade e ninguém mais tem tempo para nada.

Mas isso é só parcialmente verdade. As redes sociais (no sentido sociológico-acadêmico-offline-enquanto-conceito) andam baqueadas, mas as pessoas ainda pertencem a grupos. Os amigos do futebol, da academia, do trabalho, os coleguinhas os filhos, os vizinhos de prédio, a galera do twitter e os ex-colegas de faculdade formam comunidades que, mesmo informais, têm laços mais ou menos firmes. E repare que em todas elas tem sempre os agitadores, os

Thank you falettinme be mice elf

Escrever não enche barriga, dizia eu para mim mesma com o estômago roncando. Mas aí lembrei do espaço vazio que era pra ser a minha cabeça, quer dizer, era pra eu anotar o que vai pela mente e fica parecendo o quê? – no mínimo que pensei pouco e vivi muito, só parte verdade.

Eu já não falo mais de bebês, não é, amor?, ela disse enquanto fazia sons irreprodutíveis para a criança em seu colo, e o marido teve vergonha de responder pra não perder a amiga.

Uso sempre algo vermelho no reveillon para ter quem esquente meus pés, e eu literal à vera escolhi vermelho nos sapatos. Agora qual a simpatia para todas as viradas de ano serem tão incríveis? 2009 promete.

Você é classe D, não tem carro nem tevê nem casa própria. E se for questão de escolha, posso ser classe média iluminada? Rica de espírito?

Lá é tão deserto que você vê um espelho e fica puto, tenho inventado lugares tranqüilos com uma freqüência absurda, e obviamente nesses lugares não chegou a famigerada reforma ortográfica, graçadeus.

Infinito foi esse minutinho que passou agora, e essas coisas não ficaram registradas porque são de foro íntimo, embora os telhados testemunhem gritos pelados toda hora. Gritos pelados é uma expressão do espanhol, veja bem, não será coincidência que o amor traga de volta pedaços reciclados para quererte, abollarte y comerte a besos…

Da transferência de dados

Leia Jane Austen e voce terá uma idéia de como era a paquera da Inglaterra de sua época. Olhares, visitas, bailes, cartas, livros de poesia lidos em voz alta, recados, piqueniques e alguns diálogos cheios de sentidos e intenções eram tudo com que jovens amantes contavam para determinar compatibilidade e caminhar rumo a um matrimônio que tinha que durar

Щелкунчик

Falando de mudança, organização e vida simples com o Ivan LP, ele falou que sua esposa Leila ainda tem sapatilhas de balé guardadas. Eu respondi que eu também tenho, nem tendo sido uma bailarina tão dedicada quanto a Leila. É o cheiro, a textura e a lembrança. Balé é uma coisa apaixonante pelos detalhes que não se vêem na tv.

Fazia tempo que eu não via balé clássico ao vivo, mas matei um pouco da vontade no Quebra Nozes do Rio Sul. O shopping fez uma promoção dando dois ingressos para o balé, e como o Municipal está em obras as apresentações foram no próprio Rio Sul. Para ganhar ingressos, bastava gastar R$1200 em compras de Natal – coisa que meus hábitos de carmelita descalça não permitiriam – ou ser amiga de pessoas influentes. Aí vão minhas impressões…

O lugar: O estacionamento do Rio Sul vem sendo invadido há anos por mais e mais lojas (eu sou do tempo em que só tinha o quarto piso, e a Company era lá). Desta vez foi um auditório que foi montado ali, com direito a tapete vermelho para o público e tudo. Ficou confortável e acomodou todo mundo.

O público: Além da imprensa, havia muitos convidados e alguns tuiteiros: @roneyb, @claudiamello, @renata_lino, @pathaddad, @leocabral, @dj_spark. Dalal Achcar – lenda em pessoa, eu tenho uma amiga que trocou de colégio só pra ter mais tempo de fazer balé na academia dela – e Carla Camurati estavam lá também, vendo a primeira apresentação do próprio espetáculo. Todo mundo se comportou bem, menos a mãe que deixou a criança falar o espetáculo inteiro e aquela que atendeu o celular durante a apresentação. Ou serão a mesma pessoa? Já não me lembro, ainda bem.

O balé: A história é conhecida e linda. Eu tinha visto só uma vez, há muito tempo. Se não me engano, apresentaram a maior parte do segundo ato com pelo menos um número do primeiro ato intercalado, o da Colombina.

Os figurinos: Acho figurino de balé uma delícia, com todos aqueles exageros de brilhos e cores e frufrus. As fantasias eram corretíssimas, só fiquei triste porque a bailarina da dança árabe recebeu uma roupa dourada que se destacava pouco contra a pele dela, as acompanhantes tinham mais destaque em verde escuro.

O cenário: Valha-me D’us, é a única coisa que eu vou criticar com força. Poderiam ter achado uma solução simples que não fosse um painel com um monte de doces desenhados e escrito “Terra dos Doces” em letras fofinhas. Ficou parecendo festa infantil. A gente perdoa, a gente perdoa, por causa do próximo item.

Os bailarinos: Procurando bem, todo mundo tem pereba, só a bailarina é que não tem. A que fez a dança espanhola é minha preferida, mas o corpo de baile é do Municipal e se apresentou fazendo bonito. Eu me diverti vendo a força e a técnica, imaginando o treino que é preciso para saltar sem barulho, ser levantada no ar pelas costelas e sorrir o tempo todo. Bonito demais.

Adorei ter tido a oportunidade de ver esse espetáculo e, como bem lembrou a Patrícia Haddad, é louvável que um shopping premie com cultura ao invés de sortear carros e cacarecos – até porque essa promoção não dependia de sorteios.

Como eu me faço de fina mas no fundo sou jeca mesmo, depois da apresentação arruinei uma entrevista com a Carla Camurati bem atrás de mim porque comecei a bater palma durante uma conversa. Dizem que o olhar dela pra mim foi fulminante…

Esse código sereno

RIO DE JANEIRO – Faz mais de ano que não nos vemos, minha velha amiga e eu. Velha é carinho. Mas não precisa apagar a conotação do tempo. Curiosa coincidência. Pensava nela, uns fiapos de reminiscência, e ela me aparece assim sem mais nem menos. Um só instante e estamos à vontade. Está bem, muito bem, posso dizer, sincero. Como a lua, mulher tem fase. Você está na lua nova, digo, convicto. Crescente, ela corrige com bom humor.

Confortável, essa atmosfera que se estabelece entre nós. Podemos retomar agora a conversa de um ano atrás. Entro e saio, divertido, por temas e tópicos. Um monossílabo, um olhar – e estamos entendidos. Nenhuma explicação se impõe. Nosso código está alerta. No que dizemos há mais do que dizemos. Estou mais loquaz do que ela. Mas sem ênfase, ou explicação. Também dispenso as meias palavras. Nossas antigas novidades.

Essa imantação recíproca não se improvisa. Deita raízes longe. E é de lá, desse tempo não mencionado, sequer agora sugerido, é de lá que nos vem esse bem-estar. A serena certeza de que estamos bem como estamos. Essa familiaridade que se instala e quase nos dispensa de seguir a pauta de um encontro não programado. Conversamos de ouvido. De ouvido calamos. A tarde calma não traz nenhum presságio. Aqui estamos, sem pressa nem constrangimento.

No aroma do café, bem forte como prefere, há resquícios de uma velha evocação. Sim, como a lembrança está perto do remorso! É um verso de Baudelaire, não? Mas agora não há remorso nem lembrança. Apenas esta doce partilha. Enquanto falo, seus olhos olham para dentro e sorriem. Sei o que vê e de que sorri. Porque sabe que sei, nada me diz. Nem uma simples palavra de passe. A pique de uma pergunta, se levanta e se serve, displiscente, de mais café.

Caminha, vagarosa, até a janela. Não a conhecesse e diria que contempla, interessada, o que lá fora lhe chama a atenção. Mas não somos neste momento, ela e eu, consumidores de paisagem. Nem de espetáculo, banal ou insólito, pouco importa. A vida isola, penso comigo. A gente devia se ver mais, diz ela. Se prometer que vai reunir os amigos em sua casa, sabe que não vou acreditar. Não promete. Deixar a vida seguir assim, nesse embalo de onda que vai e que vem. E se esvai.

Otto Lara Resende. Folha de S. Paulo, 6/12/92.

(De um recorte amarelado de jornal.)

All I want for Christmas is you

Em 2005 escrevi um manifesto sobre um Natal sem presentes que na verdade era uma desbragada lista de desejos. Numa demonstração de suprema cara-de-pau reedito e traduzo esse post, agora que meu aniversário está chegando e as pessoas já dizem “Feliz Natal” livremente.

Naquela época eu já estava tentando simplificar a minha vida, demonstrando preocupação com o meio ambiente, meu bolso e minha saúde mental. De lá pra cá, duas mudanças e uma viagem internacional depois, meu apelido em família é “carmelita descalça”. Ainda tenho recaídas, e minhas noções de organização não são tão boas quanto eu queria, mas meu consumismo murchou e quase morreu. Cada vez que vejo um objeto de que gosto um pouco, penso em como carregá-lo em caso de mudança e minha empolgação vai embora.

Além disso, os feriados são uma fábrica de fazer loucos. As pessoas percebem isso mas continuam fazendo tudo igual: correria, compras, comida, stress, decorações, embrulhos, bebida, tudo em exagero. Pode ser que um dia eu tenha dinheiro o suficiente, fígado, paciência, espaço em casa (pra festa e pros cacarecos), mas por enquanto meu feriado é feito só de seres queridos.

Estou sendo meio radical, mas não estou sozinha. Existem o Dia Sem Compras (amanhã), o Natal Sem Compras, e o Natal de Cem Dólares. E neste mundo cheio de chás de panela, o Zander e a Vera se casaram (Mazel Tov!) e deram um exemplo lindo: pediram doações a instituições de caridade como presente.

Nada disso quer dizer que eu não gosto de presentes. Só acho que temos que ir com calma e achar um padrão sustentável. Adoooooro presente. Dito isso, minha lista de desejos…

Presente pra quem não quer presente

compráveis

Se você quer mesmo me dar uma coisa comprada, tente achar algo que seja diferente. Artesanato, ou algo consumível, como chocolate ou bebidas. Ou livros, que são sempre uma boa pedida, comprados à loja do seu bairro para fugir dos monstruosos shoppings.

usados


seus trens – Sim, eu quero suas tralhas. Se você não usa e acha que vou gostar, explique por que e adorarei ter algo para lembrar de você. Mas não se engane: se for um elefante branco, vai ser reciclado sem muito dó!
sebo/brechó – Em vez de comprar algo novo, compre uma coisa de sebo ou brechó. Vou gostar, desde que não tenha cheiro forte de poeira (eu sou alérgica).

tempo

ensine-me – Tem um monte de coisas que não sei fazer: cantar, cozinhar, dirigir… Pessoas talentosas podem doar seus esforços, embora em Minas digam que “burro velho não pega marcha”.
sirva-me – Cozinhar pra mim, consertar meu computador, me dar uma carona, me ajudar a me organizar… Ofereça e juro que não serei muito mandona (só a pedidos). E pode ser o crédito, não precisa ser agora, durante as férias.
momentos bons
– Jantar, beber, andar na praia, conversar, tomar café, ler o jornal juntos, ir ao cinema ou ao teatro… Tá valendo! Outro dia li sobre uma turma de amigos que faz um brunch de domingo e cada um combina de levar um jornal, e as pessoas passam a manhã assim, jogando conversa fora e lendo notícias…

caseiros

Sou contra essas idéias de artesanato onde você transforma uma coisa que você não quer em outra de que não precisa. O resultado final em geral não é lá essas coisas e o tempo gasto adiciona ao stress. Pense em algo que seja fácil e você sabe que vai sair bom, como juntar as suas músicas preferidas numa playlist, ou um caderno de receitas tão simples que até eu posso fazer (ó o desafio!), ou impressões das fotos mais embaraçosas do ano que passou.

fotos – Imprima as mais legais, ponha legendas. Ou coloque num álbum online bem cuidado…
cds – Ou um pendrive com músicas bacanas.
performance – Cante, dance, sapateie, represente.
arte – Mas nada que quebre.

pontos de dharma/crédito universal

Seguindo o exemplo da Vera e do Zander… Se quiser fazer uma boa ação pensando em mim e me dar um abraço depois, ajude o pessoal lá de Santa Catarina, que a coisa está feia. O blog AllesBlau tem mais informações e este mapa tem alguns pontos de coleta de donativos. Quem quiser ajudar o pessoal aqui de perto pode contribuir com a Casa do Oleiro, cujo trabalho sério eu tenho acompanhado de perto.

Sou ou não sou muito fácil de agradar?

A música que deu título ao post, em Love Actually.

Virge Maria que foi isso maquinista?

Deu certo! Bloguei ao vivo do Descolagem #3! Explico mais sobre a experiência neste post a la Dulcetti – em perguntas e respostas.

De onde saiu essa idéia?

Alguns dias antes do Descolagem vi que estavam passando online, ao vivo, debates sobre Responsabilidade Social, num evento ligado à TV Cultura. Resolvi fazer anotações da entrevista de um dos convidados porque ele representava do respeitado Instituto Akatu e falou sobre consumo consciente. Apesar de algumas falhas na transmissão, transcrevi o conteúdo lá no Simplim.

Perguntei ao Beto Largman o que ele acharia de eu tentar fazer a mesma coisa no Descolagem, afinal, as palestras do “TED brasileiro” (tm Roney) são sempre interessantes. Beto respondeu ao meu email com um expletivo não-publicável de entusiasmo, mas eu pedi que ele não divulgasse porque não sabia se ia agüentar a pressão, expectativa e pedidos de autógrafos (ok, ok, olha o estilo do Bruno aí de novo).

Como você fez isso?

A mecânica interna da coisa não dá muito pra explicar, mas acho que o segredo é o mesmo de interpretação de uma língua pra outra: só memória, sem pensar muito. Se começar a refletir sobre o que está sendo dito, não consigo escrever.

Procurei um post que tinha lido sobre cobertura de conferências mas não achei antes do Descolagem. Eu me lembrava vagamente das dicas: fique perto de uma tomada, não se preocupe muito com o que pode ser corrigido depois, não fique lá na frente para não distrair os outros, às vezes a sala do telão é o melhor lugar para blogar, salve tudo, publique rápido.

Enquanto procurava o post, achei a ferramenta CoverItLive, que reconheci como sendo a mesma que usam nas transmissões da TV Cultura. Fui lá testar e pareceu muito boa, cheia de recursos interessantes. Esse ambiente permite preparar algumas coisas com antecedência, como textos e links pré-escritos, e até música e vídeo. Coloquei as biografias dos palestrantes lá, ao alcance de um click, e embedei a sessão aqui no Maffalda. Eles permitem também postar comentários mas eu ficaria louca se tivesse que prestar atenção nisso. O Spark gentilmente se ofereceu para ser o moderador (“Producer”, no jargão do CoverItLive). Só faltava chegar lá no Descolagem e não amarelar.

E foi bom pra você?

Foi uma delícia! Apesar de não ser o que a maior parte das pessoas encararia como a melhor maneira de passar três horas e meia – digitando fervorosamente e sem dizer oi pra ninguém, para protestos de alguns -, eu achei bom ficar concentrada no que os palestrantes falavam.

A Patrícia Konder Lins e Silva foi a primeira a falar. Ela estava contente de não ter que convencer ninguém de que há um futuro chegando e que a escola vai ter que mudar. Para transcrever foi um pouco complicado, porque ela não completa as idéias dentro de uma mesma frase. Quem assiste entende tudo o que ela quer dizer, claro, mas não dá pra transcrever do jeito que eu estava fazendo. Além disso, ela estava usando um mind map e eu não podia olhar muito, por isso as anotações não fazem justiça à palestra.

O Paulo Blikstein fala calmamente e fez uma palestra cheia de fotos e com uma demonstração divertida do método de Monte Carlo. Impossível transmitir a performance envolvendo uma arma de paintball e o Mackeenzy como voluntário. Também é difícil reproduzir a emoção do Paulo ao dizer as coisas que aprendeu com sua aluna Jaíne – entre elas, que isso de mulher não gostar de tecnologia e exatas é balela.

Durante a apresentação do Lens Kraftone consegui descansar um pouco a cabeça, tomar água, e curtir o som. Achei bacana a moça do grupo, Marion, que estava vestida de gente comum em vez de assumir personagem.

Claro que tive vontade de bater no Largman porque não me avisou que o Luli Radfahrer fala na velocidade metralhadora giratória descontrolada. É um showman, cheio de idéias e acho que não captei nem 70%. De qualquer maneira, o Leanderson gravou tudo em vídeo. Foi uma palestra em banda larga, nada de conexão discada pra ele. Tanta informação que dá pra escolher um punhado de coisas pra concordar e outro tanto pra discordar e continuar achando tudo fantástico até a hora de pagar a conta do bar e ir embora.

Durante a transmissão do CoverItLive houve poucos visitantes, mas o Spark estava atento e moderou comentários, acrescentou links, além de me avisar por gtalk: “você não deve ter visto, entrou o protetor de tela com as fotos de família da Patrícia, por isso estão rindo.”

No minuto em que o Beto terminou de agradecer a presença dos palestrantes e do público presente, respirei fundo e reparei que estava começando um resfriado chatinho. Nem vou pôr a culpa no trabalho porque eu não estava tão tensa assim, mas isso prejudicou um pouco o complemento perfeito do Descolagem, o chopp pós-evento. Mesmo assim consegui falar com os amigos.

E depois?

Depois saíram vários posts sobre o evento, entre eles…

Especial | Descolagem 3 – Uma nova escola para um novo aluno, por Frederick
A escola do século XXI – descolagem – NAVE, por Tati Martins
#Descolagem, por Roney
Desconferência, por Roney (uma crônica que adorei, por motivos óbvios!)
Descolagem #3, por Patricia Haddad (os links em recuo, abaixo, foram compliados por ela)

Fotos por Patricia Haddad
Outras fotos no Flickr
O capital quer uma nova escola!, por Carlos Nepomuceno
Resumo em Vídeo, por Tatatais
Vídeos da apresentação de Paulo Blikstein, por @lesilva: aqui e aqui
Vídeos da apresentação de Luli Radfahrer, por @lesilva: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui
[Update: A palestra toda do Luli, editada pelo Beto. Imperdível!]
Vídeos Lens Kraftone: aqui, aqui e aqui
#descolagem, por Maria Clara
Descolagem – Nave – A Escola do Século XXI, por Sergio Lima (veja os links no fim do post para as outras 5 partes)
Descolagem #3: Da educação aos nerds caindo matando no salão, por Pedro Giglio
Descolagem #3 debateu sobre o futuro da educação, por Beto Largman em seu blog n’O Globo
Descolagem #3 debateu sobre o futuro da educação, por Beto Largman, o mesmo post no site do Nave
Fotos do boteco onde fomos depois
[Update 1/12/08: Aprendizado descolado, por Leonardo Paiva]
[Update 1/12/08: Descolagem: a escola do século XXI, por Luli Radfahrer]

Algo mais a dizer?

Todo mundo já falou que o evento foi excelente, graças em grande parte ao espaço privilegiado da Nave e à dedicação (por vezes desespero, como naquela meia hora antes do evento) do Beto Largman.

Mas vocês já pararam pra pensar que quase todos os textos, fotos, vídeos e discussões acima foram gerados espontânea e voluntariamente? Os beneficiados somos nós, que desenvolvemos habilidades específicas e discutimos assuntos interessantíssimos, as pessoas que não estiveram lá e podem se inteirar das discussões, a comunidade de profissionais ligados à educação, e as futuras Jaínes e Carlos construidores de protótipos de vulcões, pessoas pensantes e não adestradas.

Você já é um voluntário. Orgulhe-se e vista a camisa!