Amanhã é 23

Para quem gosta do Google Calendar e gosta de lembrar aniversários, um momento Lifehacker matrocinado pela tia Maffalda.

Eu tinha feito o meu calendário de aniversários copiando das agendas antigas. É meio chato, tem que acrescentar o nome, colocar no calendário certo (o meu é um só de aniversários, não misturo com o pessoal), mandar repetir todo ano. Coloco os eventos como “dia todo” para aparecerem em fonte inversa (branco na barra colorida, e não colorido no branco).

Tem um jeito também de importar os aniversários do Facebook, e foi isso que fiz hoje. Anotei os passos para poder ensinar. Meu google ainda é em inglês, não sei como são os nomes dos comandos em português, um monte de anglicismos!

– Crie um Google calendar com o nome “aniversários facebook” ou algo asim.
– Vá ao facebook e abra a app Birthday exporter. Seria bom se o orkut também tivesse uma app assim.
– Entrando na aplicação, salve o calendário como .ics.
– Vá ao Google calendar, no menu “other calendars”, o link “add” embaixo à direita, e selecione “import calendar”.
– Salve o arquivo .ics do birthday exporter.
– Escolha o calendário para o qual quer importar os aniversários. Atenção! Não faça lambança! Escolha “aniversários facebook”.
– Se não tinha agenda de aniversários ainda, parabéns! Está criada! Todos os do facebook já vêm com as repetições apropriadas. E quando você vai na tela de edição do evento, ele diz desde “1976”, dedurando a idade. Quem não pôs o ano de nascimento no perfil nasceu em 1900 por definição. Aproveite agora para acrescentar outras pessoas que não têm facebook (é, a mãe!), com atenção para editar o evento escolhendo o calendário certo e repetindo anualmente.
– Se já tem um calendário de aniversários, e quer importar alguns apenas (esta parte é chata), abra o compromisso, e troque o calendário na barra de rolagem de “aniversários facebook” para “aniversários – antigo”.

Dicas finais:
– No calendário que você escolher, mude os settings para notificação 1 dia antes do evento. Assim, todos os novos eventos vão ter notificação e dá tempo para comprar um presente ou escrever para a pessoa.
– Se estiver animado de verdade, descubra como usar o canned responses do gmail labs para fazer um email padrão de aniversário para seus amigos. (“A velhice tá chegando, hein? A gente se vê.”)
– Veja os aniversários numa lista contínua selecionando “Agenda”. Aí também dá pra ver se tem algum evento que não está se repetindo ou não tem email de aviso.

Isso é o tipo de coisa que você só tem que montar uma vez, depois é só acrescentar um ou outro detalhe. Anota aí: Maffalda, 18/12.

Diário da Crise

Segundo dia

Os deputados do governo olhavam um pouco espantados aquela demonstração. Estavam de pé como nós, em respeito ao Hino Nacional. No entanto, pareciam duvidar que existíamos, que tínhamos voz e éramos capazes daquela demonstração, em pleno tempo de emergência. Um país novo está nascendo como uma criança sai da barriga da mãe e eles estão escondidos atrás dos tanques, com medo das bandeiras vermelhas, das bandeiras amarelas, das mulheres coloridas que invadem a esplanada.

Por isso é preciso muita tranqüilidade. Estamos diante de um adversário acuado, com medo e perdendo o contato com o real. Pelo que notei nos corredores do Congresso, ainda não há uma definição exata sobre a vitória na votação da emenda que restaura a democracia no Brasil. Não acredito cegamente no Congresso porque sei que existem muitos deputados capazes de suicidar-se politicamente.

A alegria e a força que sinto em todos nós não morrerá com nenhum desfecho parlamentar. A grande novidade é que o país inteiro tomou consciência da necessidade de dirigir o próprio destino e a grande cartada dessa transição nós jogamos e jogaremos nas ruas. Aí se decidirá nosso destino.

(…)

O desejo que se expressa nas ruas é o do fim da ditadura militar. Podem encontrar vários nomes, várias fórmulas, mas nenhuma conseguirá silenciar o grito de diretas já. Fala-se que diante de uma derrota o povo vai ficar deprimido e voltar as costas para a política. Discordo. O nível de consciência que se ganhou em torno da superação da ditadura é irreversível. E além do mais, nunca foi tão fácil derrubá-la. É só um empurrão de 100 milhões de pessoas retirando da estrada do nosso futuro esse baixo astral que ameaçou nossos melhores dias mas não conseguiu roubar o humor e a esperança.

(Fernando Gabeira, Diário da Crise, 1984)

Estou depositando em você minha esperança. Não me decepcione, baby.

Hoje é o seu dia, que dia mais feliz!

Vejo minhas amigas da adolescência e é como se fosse um reflexo de mim guardado em algum gesto alheio que resistiu à passagem do tempo.

Vejo minhas amigas com filhos e é como se o meu gesto tivesse uma chance de caminhar devagar para o futuro.

(Festinha de aniversário da Laura.)

Cérebro eletrônico

Em 2005 eu fiz um regime de internet. Ou greve, se preferirem. Mandei uma mansagem para os meus amigos assim:

Oi, queridos.

“No começo era Offline, e Offline era Bom.” Aí veio a serpente com um teclado e estragou tudo.
O caso é que a tentação das mais feias que enfrento é a internet. Eu não sou viciada em internet não, sou viciada em gente. Em conversar com vocês. Portanto, estou pedindo ajuda com o “detox”…
Vou desplugar do msn – desinstalar mesmo, radical, porque eu me conheço. Então, se quiserem entrar em contato comigo, usem por favor o email (esta conta) ou o celular. Podem mandar email mesmo, nem que seja uma linha só dizendo oi.
Eu agradeço penhoradamente pela sua colaboração e por não me darem broncas por eu ter sumido.

Um beijo,
H.

Três anos depois, a vida é mais complicada. Então ficamos combinados:

Celular – bom. Se for mensagem de texto, melhor ainda.
Email – fantástico, tentarei responder direitinho.
Lista – continuarei participando.
GReader – continuarei processando os 200 feeds diários, para delícia de quem me acha spammer, e para me manter em dia com as notícias garimpadas pelo pessoal do clubinho do Jubal.

Msn e gtalk – ficarei desplugada ao máximo, usando o email também para mensagens curtas.
Twitter – o mais difícil! Vou parar de ler em tempo real, mas directs virão para o meu email. Posto quando tiver vontade.
Blip – também quando eu estiver a fim.
Orkut – já faz tempo que tento não responder scraps.
Facebook – também não vou responder wall.

Pela minha experiência nos dois ou três boicotes anteriores a este, minha qualidade de vida vai melhorar muitíssimo. Depois eu volto, um pouquinho menos neurótica…

Reconvexo

Anteontem me ligou um amigo que sabe tudo de MPB. É pesquisador musical, jornalista, escritor, aquela história toda. “Gata, já viu algum show da Maria Bethânia?” Ele explicou que tinha um convite para eu ir a um show com ele no dia seguinte, aqui no MAM. Juntem-se a minha distração crônica e o choque de ser convidada, não ouvi mais nada além do lugar e do horário. “Não se atrase!”.

Ontem ele ligou dizendo que antes do show ia ter um coquetel. Então tá. Apareci lá uns 15 minutos antes da hora marcada por ele. Estava friozinho e fui com meu figurino usual: jeans, camiseta (incrementei com uma camisa super longa por cima), botas, minha bolsa de todo dia. Enquanto esperava o Rodrigo vi que havia mulheres super arrumadas e homens de terno. “Geeeente, esse povo se arruma assim para um show?” Peguei o celular e coloquei um comentário no twitter alusivo ao meu trauma de ter um estilo totalmente largado de me vestir.

Ele chegou e entramos. Depois de uns minutos caiu a ficha: o show era da Bethania mesmo, mas a ocasião era o Prêmio Shell. Ela foi a ganhadora do prêmio, ao mesmo tempo homenageada e atração. Achando divertida a minha descoberta tardia, twittei.

E foi aí que eu entrei num frenesi de “eu vou transmitir esse negócio em tempo real”. Mandei várias atualizações sobre a apresentação pela Renata Sorrah, o discurso de agradecimento, e o show em si, passando trechos das músicas que ela cantava e confundindo alguns twitteiros. Tive que guardar o celular quando o Rodrigo estava prestes a me bater, mas fiquei impressionada do barato que me deu estar divulgando uma coisa ao vivo pros amigos. Meu celular é tosco, então não consegui colocar tags direitinho, nem responder a todo mundo que falou comigo.

Será que tenho alma de jornalista? Será que foi culpa do prosecco? Será que sou nerd e anti-social? Provavelmente todas as anteriores. O artigo da Folha de São Paulo saiu com várias informações que eu tinha divulgado (roupa, discursos, esquecimento da letra de uma das canções). O prosecco ajudou no sentimento de ser toda-poderosa, provavelmente uma taça antes de pegar o celular eu teria pensado “quem se importa?”. E sim, sou nerd e anti-social. Não saber como me comportar naquela situação me fez recorrer a um ambiente que me é mais familiar, ainda que na janelinha minúscula do meu LG grátis-com-assinatura-pós-pago.

Sobre o show mesmo: a mulher é tudo aquilo e mais um pouco. É uma feia bonita, com gestos encantadores – tem até reboladinha! – e vários aumentativos acompanhando a magnífica voz: narigão, cabelão, bocão. O figurino era de lascar, uma saia que parecia de tafetá sobre um terninho. Se isso fosse moda eu estaria contente, mas não funciona, nem no palco nem em lugar nenhum. E não era um show comum, obviamente, pois ela se propôs a fazer uma retrospectiva da carreira, por isso cantou mais de 30 canções enfileiradas, em certos momentos o show parecia um pout-pourri gigante. Ficou de fora Carcará, cujo vídeo saiu numa reportagem d’O Globo este domingo entre os melhores do Youtube.

Fomos ao camarim depois mas eu morro de vergonha de ser tiete, acho que deve ser uma chatice para o artista ficar lá cumprimentando todo mundo. O Rodrigo falou com ela (afinal, foi ele quem comandou a reedição da obra dela lançada em 2006), e não foi desta vez que ganhei um abracinho de uma cria da Dona Canô.

Para completar a série de acontecimentos, encadeamentos e coincidências, eu fui ao show da Bethânia no dia do aniversário do Lemuel, um de seus maiores fãs. Presente torto pro Lemu.

Pensando bem, não sou jornalista coisa nenhuma. O “lead” não está lá essas coisas, e o pé está quebrado. Oh, well… Ouçam Reconvexo e saibam perdoar.

Stratosphera

Em um espaço retangular qualquer de tamanho médio, o sentimento vago conhecido como querer-bem ocupa a parte do ambiente rente ao teto, como a fumaça em um jazz club. De outro modo, o amor definível – mas nem por isso prosaico – se espalha ao rés do chão até a altura da cintura, intoxicante como o gás carbônico nas minas. A camada intermediária se destina à respiração das pessoas desafortunadamente normais.

The Buenos Aires Affair

Eu penso melhor em algumas ocasiões que outras, a saber:
 
1) Tomando banho de manhã ainda meio dormindo e sentindo que a água entra nos meus cabelos desgrenhados e escorre pela pele. Enquanto o cheiro do sabonete se encaixa em algum ano entre 94 e 2007 eu vou pensando idéias mirabolantes que em geral olham para as coisas que já passaram, não alcançando forma de nenhuma realização futura exceto a lista de pessoas para quem eu tenho que ligar e sempre esqueço e os próximos três compromissos noturnos.
 
2) Nos dez minutos antes de cair no sono, em que as idéias se embolam e se eu não for cuidadosa viram um pesadelo infinito de preocupações e pendências, mas em compensação podem virar uma ilusão de casulo e amornar o pé.
 
3) Olhando através da janela do ônibus e vendo pernas brancas pretas e amarelas do bonde do Drummond. Passam barracos quitandas e armazéns e eu penso em sensações telefonemas e listas de coisas a fazer.
 
4) Andando na rua quando o inverno quase acaba e sentindo que os pés saem do chão e o ar abre passagem e o ar já não é um gás rarefeito, é a essência mesmo das pessoas que me cercam e em quem eu penso, e me espantando com o espanto das pessoas que vêem meu sorriso.
 
(Lendo Gladys no Buenos Aires Affair. Enumérica…)

Lactivismo

Eu não tenho, como vocês sabem, histórias de primeira-mão para contar sobre amamentação (porque da última vez em que estive envolvida nesse assunto era nova demais para guardar memórias). Só posso dizer que uma das coisas mais lindas e emocionantes que vi este ano foi uma amiga muito amada dando de mamar ao filhote de três meses, no meio da sala de estar da avó do marido dela, com um monte de gente em volta e um clima de festa de família italiana. Para mim foi como vê-la no cenário perfeito, cena de cinema. O marido comentava: “quando o baby acorda com fome e eu apareço, ele fica furioso, como se dissesse ‘pô, você não tem leite!!!'”.

Confesso que estou sem inspiração e tempo para escrever o post legal que o assunto merece. Portanto, proponho um google-jogo. Ache um link para cada uma das afirmações abaixo. O primeiro item já está preenchido. Ready, set, go!

peito que faz leite dá inveja nos ovários alheios
– amamentar é ecologicamente correto
– é possível induzir lactação em mães adotivas
– não existe idade certa para desmame
– de acordo com as leis dietárias judaicas, leite humano é parve, ou seja, pode ser combinado com alimentos derivados de leite ou de carne
– o leite muda de gosto e composição conforme a idade da criança
– o gosto da comida da mãe passa para o leite
– tem um episódio de House que tem a ver com amamentação e anticorpos
– o esforço dos músculos faciais durante a amamentação é uma ginástica que prepara para a fala e mastigação perfeitas
– existem vídeos online mostrando como amamentar usando um baby-sling – o máximo da praticidade em bebês vestíveis!
– dá pra alimentar o bebê com fórmula e leite materno se precisar, mas o segredo é não usar mamadeira e sim uma colherzinha ou copinho para o bebê não viciar na sucção fácil do bico de látex
– dá pra ser legal com mulheres que amamentam mesmo sem ser uma delas
– pontos bônus para quem achar 3 músicas que falem de amamentação (eu só consigo lembrar, de cabeça, de uma)

Claro que o melhor ponto de partida para saber mais sobre amamentação e ler os textos de gente que tem muito mais para contar do que eu é o blog da Denise, nossa lactivista mais querida!

Postei um pouco no twitter mas não estava em casa durante o dia, não deu para fazer mais burburinho com a tag