O melhor termômetro pra saber se você tem uma boa turma de amigos: uma boa fofoca. Ou várias.

Diário da Dodói

Quinta: sentir muito frio na aula. Ter dor de garganta. Estar caindo pelas tabelas às 4 da tarde. Ir pra casa. Tomar um banho demorado ouvindo Rush. Deitar no sofá e assistir Love in the Afternoon – sabe que minha mãe parecia a Audrey Hepburn? Tirar forças sabe-se lá de onde e fazer sopa. Deitar no sofá de novo. Fazer o marido comprar um termômetro. Se descobrir com 39 graus de febre. Ver a neve cair lá fora. Tossir a noite inteira.

Sexta: ligar pra prima médica. Decidir não ir ao médico. Tentar baixar a febre sem sucesso. Desmarcar tudo o que tinha que fazer. Assistir Cinema Paradiso. Morrer de achar o Marco Leonardi lindo. Ter que fazer tudo com ajuda. Continuar com febre.

Sábado: finalmente ir ao médico, com neve e tudo. Descobrir que não é uma gripe, e sim uma infecção. 40 graus de febre. Antibiótico na cachola. Não ter forças nem pra assistir filme. Não conseguir comer mais de duas colheres de nada. Só conseguir controlar a febre à noite. Suar até a roupa ficar completamente molhada. Tomar banho com ajuda, e lavar o cabelo.

Domingo: achar estranho ter forças para andar. Ter dor em músculos que nem sabia que existiam e inalongáveis. Comer um prato de cereais no café da manhã. Tomar o antibiótico. Destomar o antibiótico. Almoçar. Sentir-se melhor. Sair pra lavar roupa e encontrar os vizinhos justo quando eu estou com o cesto cheio de roupa suja na mão. Assistir Cinema Paradiso: The New Version, aquela versão que tem 51 minutos a mais de Marco Leonardi. Entrar em pânico porque não trabalhei nada.

É, acho que sarei…

– They’re very odd people, you know. When they’re young, they have their teeth straightened, their tonsils taken out and gallons of vitamins pumped into them. Something happens to their insides! They become immunized, mechanized, air-conditioned and hydromatic. I’m not even sure whether he has a heart.

– What is he? A creature from outer space?

– No. He’s an American.

(Audrey Hepburn as Ariane Chavasse in Love in the Afternoon.)

Tô numa gripe de matar leão, com 39 graus de febre…

Hoje é aniversário do Alex que é franco-brasileiro nunca morou no Brasil mas fala português direitinho só que o inglês tem sotaque francês. Ele cortou o cabelo mas continua meio comprido. Ele está fazendo 26 anos. Eu sou mais velha que quase todo mundo esses dias…

Tá, a composição aí acima parece de primário, mas sério: quando eu cheguei aqui Deus e meio mundo me perguntou se eu conhecia o cara. Passou um ano até nós o conhecermos finalmente!

Isso que dá ser famoso…

E fiquem de olho na nuvenzinha do tempo aí na barra ao lado, porque de agora pra frente é só ribanceira abaixo, pra baixo de zero.

Excuse ME!!!

E porque eu cheguei na aula de coral achando muita graça de mim mesma e me sentei do lado de uma moça que só faz rir, me aconteceu mais isso…
Maryland é um dos estados com maior população negra nos EUA (ok, eu não pesquisei isso, eu ouvi dizer). E por causa dos movimentos de direitos civis dos anos 60 e todas essas coisas, a identidade negra é muito forte: se fala diferente, se veste diferente, toda uma cultura. Tem gente que até reclama porque os negros aqui são muito “in your face”. Não dá pra explicar direito, só vindo pra ver. Tem determinadas expressões que são muito típicas, como o hmm-rmmm de boca fechada que pode significar desde “de nada”,”eu concordo, é isso aí”,”sei!” (sarcástico) até “de jeito nenhum!”.
A aula que estou fazendo é de tradições afro-americanas de aprendizado oral em canções de coral. Sabe aquela coisa bem igreja batista de filme? Pois é.
Aconteceu que a regente estava tentando repassar a parte das sopranos em uma música, e elas se confundiram e começaram a cantar a parte das contraltos. “Ah, vocês querem a melodia, né?”. A moça que estava na minha frente falou algo como “hmmm-rmmmm, a melodia é nossa!”. E eu girei meu dedinho no ar e disse “excuse ME!”. As mulheres que estavam ao meu lado (as duas são negras) caíram na risada, e a moça risonha disse: “go, sister!”.
Sister. Adorei.
Sis-tah!

Muda de assunto que o assunto chegou.

Você fala de uma pessoa para a outra.

A outra vai lá e buzina tudo no ouvido da uma.

A uma te vê no mesmo dia e diz:

“ó, então você falou com Outra hoje?”.

E sua cara vai no chão.

Aconteceu isso comigo hoje.

E eu achei muita graça.

Eu tenho problema.

PS: Este post foi atualizado por umas e outras incoerências…

É tão bonito ver uma tradição de família sendo perpetuada… Obrigada, Lav!!!

Que poesia mané poesia, o que me traduz mesmo são os quadrinhos. Eu acho que já disse isso…