Estava me devendo uma lista das colaborações com outros blogs.

Aí estão:
- Não é a casa da mamãe, no recém-mobiliado Apezinho.
- Eu Moro Onde Você Passa Férias: Como Pedir Dicas de Viagem, no Aprendiz de Viajante, em março deste ano.
- Homem que diz que
Convoluta e Paramétrica
Estava me devendo uma lista das colaborações com outros blogs.
Aí estão:
Segundo o instituto DataMaffa de pesquisa, os assuntos mais abordados em grupos de ex-alunos de escola e faculdade em redes sociais são:
– casados vs solteiros (com menções às ‘patroas’ e aos ‘encoleirados’ e piadinhas desse naipe);
– filhos (‘princesa’, ‘herdeiros’, ‘filhotes’, fofuchos’ – bônus se alguém fizer a execrável piada do ‘passou de consumidor a fornecedor’);
– quem encontrou quem na rua e quem estudou o quê;
– ‘boiolagem‘ (provocações de parte a parte e de vez em quando sobra para a orientação sexual de algum professor);
– Vamos marcar! (e no subsequente encontro, os assuntos acima se repetem novamente intermeados por novidades e des-lembranças.).
Reclamo mais por esporte que por outra coisa, porque escola sempre foi microcosmo, desde a aurora da minha vida.
Continuo frequentando essas reuniões na maior boa vontade porque há pessoas-pérolas cuja amizade cultivo bem firme no presente, ainda que “deite raízes longe“. A essas e esses, minha mais absoluta gratidão.
http://www.youtube.com/watch?v=wPTUpn9ait8
Quando nossa amiga em comum nos apresentou, eu fiquei bem feliz. Fui lá num encontro às cegas, tomar café com você, te achar “okay”. Nos meses seguintes, tivemos tempo de nos aproximar, formar um relacionamento bacana, fazer muitas piadas bobas, rir, beber juntos, fazer mais amigos em comum. E depois disso, foi ladeira abaixo.
Até hoje tento entender o que aconteceu. Você só queria saber dos seus amigos, parece que tinha vergonha de mim, deu pra debochar do que eu dizia na frente deles. Doeu. Doeu tanto que eu me afastei. E ao me afastar, acabei determinando o final daquela história. Quando eu disse tchau, você só disse: “cansou?”. Um ano e pouco depois, era tudo o que você tinha pra me dizer: “cansou?”. Como se o seu jogo fosse mesmo esse, me cansar.
Você quase não falou mais comigo. Você ficou bem. Você ficou ótimo, no topo do mundo, lá com os seus amigos. E quando falava comigo online, suas piadinhas eram sempre escrotas, depreciativas, forçando uma intimidade que já tinha acabado há muito tempo. Block, never show.
Aí um dia uma pessoa amiga (que nem no samba do Noel) falou que você não estava tão bem. E eu te chamei pra sair, conversar, “botar o papo em dia”. Confesso, paguei ingresso para te ver mal. Valeu cada centavo: estava lá você de novo, e o seu sarcasmo não escondia nada nada a sua miséria. Era você, menos o brilho no olho.
Eu acho que em algum momento dos meses seguintes, quando você começou a achar que era super meu amiguinho e que eu te devia contato constante, mesmo estando já em outra, você se emputeceu comigo e aí o tchau foi seu. Eu só pensei: “cansou?” e não me preocupei mais com isso.
Só que de vez em quando eu me lembro de quando eu pensava “aonde você for eu vou” (que nem na música da Marisa Monte). E aí eu vou procurar suas fotos, aquelas que registram cada vez menos vida. Minhas amigas dizem pra eu deixar pra lá essa mania de querer que você parasse com o que te faz mal. Mas se você não quer, se você mesmo não vê, foda-se.
Cansei.
Sobre doações corporativas para o terceiro setor.
“Alguns doadores começaram a se perguntar quanto da percebida inabilidade do terceiro setor de atingir impacto ou escala tem a ver com o fato de os doadores acreditarem que é sobre *eles* – a teoria de mudança deles, a estratégia deles, e a definição deles (e medida) de resultados. Esses doadores então criaram uma nova definição de fazer mais com menos. Financiamento menos restritivo. Exigências de relatórios menos onerosas. Uma atitude menos “papai sabe tudo”.
Isso é importante porque essa transformação está fundamentada em um conjunto de crenças básicas sobre organizações sem fins lucrativos. Se você acredita que organizações sem fins lucrativos são em grande parte ineficientes, têm poucos recursos e habilidades técnicas, não entende o modelo de negócios delas, você cria um sistema de financiamento cheio de prestações de contas, cumprimento de regras e liderado pelos doadores. Mas se você acredita que essas organizações são inovadoras, efetivas e têm um entendimento profundo sobre o seu setor mas que elas operam sob um conjunto de regras oneroso, práticas contraintuitivas, e um sistema de financiamento ineficiente, então você pode abrir mão de parte do controle, deixar o dinheiro fluir um pouco mais livre, e comprar a estratégia e a abordagem das organizações para resolver problemas sociais.”
David Greco, em post lindo – não novo, mas pertinente – no blog da Beth Kanter.
Recebi ano passado a solicitação de amizade da minha prima Fulaninha no Facebook. Lá diz que ela nasceu 5 anos antes de os pais dela se casarem. A Fulaninha não tinha 23 anos, ela tinha 12, e o Facebook proíbe claramente usuários com menos de 13 anos.
Nos últimos anos eu tenho trabalhado com redes sociais e realmente acho muito legal que elas existam, mas não é lugar pra criança. Não é só por causa “dos adultos malvados da internet”. É também por causa das percepções de mundo que esse ambiente vai gerar.
Eu não sei se os pais da Fulaninha estão cientes dessa conta. Se estão, eu alertaria para o fato de que eles estão incentivando uma pré-adolescente a mentir, mas também diria para eles acompanharem de muito perto o que ela faz no perfil.
Quando a Fulaninha tinha 9 anos ela postou fotos de si mesma de biquíni, salto alto e maquiagem no Orkut, abertas para todo mundo ver, sem nenhuma configuração de privacidade. Sei que ela já aprendeu sobre isso, mas ainda acho que ela não tem discernimento para usar o Facebook.
Mentindo a idade para maior de 18 anos, ela está exposta a TONELADAS de anúncios inapropriados para a idade dela. Além disso, o Facebook está passando por mudanças que fazem até os adultos especializados nessa área ter dúvidas quanto às configurações de privacidade. Eu sou completamente a favor de ela entrar na rede daqui a um ano. Mas mentir a idade e se passar por mulher feita eu acho inadmissível.
Sei que “não posso falar porque não tenho filhos”, e em última instância a decisão é dos pais dela, mas desse negócio de internet eu entendo. Tentei falar com os tios dela, para que falassem com os pais (que não são muito próximos a mim) mas não adiantou muito.
Agora, a Beltraninha, irmã da Fulaninha, tem 8 anos na vida real e 20 online. Que tal?
Seguem alguns links sobre o assunto…
Quando ouvi pela primeira vez a expressão “vergonha alheia”, achei bacana ter uma descrição para o constrangimento que sentimos quando o calouro canta mal ou esquece a letra da música.
Ultimamente, porém, desenvolvi alergia à tal da vergonha alheia e começo a achar que esta é a expressão mais calhorda da web. Virou um carimbo de julgamento e de opressão.
O constrangimento pelo outro é até saudável, prova de empatia, de capacidade de entrar na pele de um semelhante e sentir o que ele sente, e provoca um instinto de ajuda ou de fuga. Mas a vergonha alheia arrogante que vemos por aí é justamente o contrário: um grande joga-pedra-na-Geni, que se compraz em condenar e procura motivo. Nem passa pela cabeça dos que se dizem tão constrangidos trocar de canal ou fechar o browser.
Se você sente muita vergonha alheia, reavalie se não é o caso de desligar um pouco o botão de julgar. Viva e deixe viver.
“Vamos marcar!”, é o que dizem os cariocas. Aos desavisados, isso pode soar como “quero te ver, cara!”, mas na verdade o que a pessoa quer dizer mesmo é “por favor decida a hora e o local do encontro, convide nossos amigos em comum, e eu decido se vou, se me der na telha”. Para reencontros de colégio/faculdade (formados há mais de uns tantos anos) ou ex-colegas de trabalho, é ainda mais difícil organizar porque às vezes as afinidades já foram embora.
Para encontros grandes, a democracia não funciona muito bem. Se ficar pedindo para o povo marcar, todo mundo vai dar uma de peixe ensaboado e fugir da raia. Eu, que não tenho espaço para oferecer festas em casa, desenvolvi toda uma técnica para marcar encontros com muita gente. Eis o que sugiro:
Divirta-se!
E me convide, por favor. Se der na telha eu dou uma passadinha!
Para ouvir:
Estou tendo dificuldade de explicar, mas é mais ou menos assim: você começa uma conversa com um homem e, especialmente se essa conversa for online, lá pelas tantas você percebe que não é exatamente com você que ele está conversando. O diálogo é com um amálgama entre você e uma personagem de uma história qualquer que ele tem na cabeça.
Dependendo de quem é o cara, a história da linha cruzada pode ser um enredo de revista pornô, uma história mal resolvida com uma ex ou até caso enrolado com a mãe. Um ou outro costuma jogar uma trama de revista Sabrina, mas é mais raro. No clube da finasterida, o galho pode ser crise de meia-idade ou problemas no casamento.
As dicas de que o portal da realidade alternativa foi ultrapassado são um certo descompasso entre as linhas narrativas, o uso de uma ou outra palavra fora de lugar, e um pedido estranho pra gente gemer de repente no fim da conversa (no caso dos fãs de Sabrina, basta um suspiro e eles ficam satisfeitos).
É desapontador para qualquer uma que carregue a esperança de ser considerada pela pessoa que é, a aparência que tem e as idéias que desenvolve. O negócio é que a gente não consegue sair incólume. Agora que mais ou menos consegui descrever a situação e tenho certeza de que algumas pessoas se reconheceram, espero que alguém me explique como acordar os pobres acometidos desse tipo de ilusão ou sair com fineza desse tipo de armadilha.
De tudo o que li em 2011, o que mais me agradou foram os artigos que indicam as tendências para a vida no futuro, principalmente nos grandes centros urbanos. É sempre bom ver a própria utopia se transformando em mainstream. E, falando em utopia, foi o sonho nem tão curto assim dos occupiers deste ano que colocou em pauta uma transformação que já não pode ser ignorada.
Então eu, que já achava o crescimento desordenado e a ditadura do mercado coisas pra lá de cafonas, me arvoro a fazer minhas próprias previsões. Futurologia. Posso?
Para começar, o futuro é local. A ideia é morar, trabalhar, estudar, comprar e fazer amigos tudo no mesmo quadrado. Menos engarrafamentos, mais tempo para família e lazer e mais senso de comunidade proporcionarão uma melhora sensível na qualidade de vida de quem seguir essa tendência. Além disso, o apoio à economia local e a mudança dos meios de transporte – dispensando muitas vezes o uso de carro e incentivando caminhada, bicicletas e transporte público, nessa ordem – trarão benefícios à comunidade, à saúde e ao meio ambiente.
O futuro também é pequenininho. Todo esse esforço de localização pode sair muito caro, portanto nada de muita metragem nas casas e apartamentos. Além disso, se há atividades e amigos por perto, não é necessário ter uma casa do tipo “meu lar, meu castelo”. Isso acarreta economia de energia e outros recursos, mas também faz com que o acúmulo de bens materiais (dois cortadores de grama, três aspiradores de pó, um vestido de noiva) fique mais difícil. Uncluttering também está na moda. Não sacou? Uncluttering: “desbadulaquização”. Tudo isso faz com que sobre mais tempo para viver. É um círculo virtuoso.
A outra palavra de ordem é resiliência. Ainda que seja assim, muito de leve, de brincadeira, as pessoas estão acumulando habilidades que as fazem menos dependentes da máquina externa. Quem duvidar pode conferir os novos blogs de artesanato (crafting), jardinagem e hortas, e todo tipo de atividades faça-você-mesmo. Agricultura urbana definitivamente é o futuro. Você ainda vai comer muita salada de varanda.
E o melhor por último: consumo colaborativo. Produtos serão gradualmente substituídos por serviços e parcerias. A internet está aí para facilitar a conexão de pessoas de um mesmo CEP com os mesmos interesses. Isso vai aquecer o mercado de usados, o aluguel de equipamentos grandes e até carros entre pares, o compartilhamento de serviços (de creches a painéis solares), e a troca de conhecimento em comunidades próximas.
Eu quero estar lá para ver tudo isso. E você?
http://vimeo.com/26573848
(Vale a pena ver de novo!)
Outras leituras:
O rock nasceu para ser revolucionário numa época em que a juventude do mundo todo estava demonstrando suas inquietações políticas em manifestações públicas. No Brasil, a Bossa Nova e a Jovem Guarda simbolizavam o conformismo e apenas apareciam as primeiras guitarras elétricas. Vaias nos festivais eram o sinal de que o público queria menos “A Banda” e mais “Roda Viva”.
Mais de 40 anos depois, cá estamos num Brasil sem ditadura, em que a nova classe média ganhou poder de compra e faz uso dele, a velha classe média pendurada compra para não ficar atrás, e ficamos todos mais ou menos na mesma. A ignorância disfarçada de pessimismo inteligente faz com que as pessoas prefiram dizer que ‘político é tudo ladrão’ do que correr atrás de votar certo ou de vigiar o que os seus eleitos estão fazendo. Uma certa fadiga quanto ao discurso ambiental cega as pessoas para as possibilidades de iniciativa individual, e isso junto com a necessidade de demonstração de status resulta em cada vez mais carros, cada vez mais gadgets, cada vez mais bens materiais.
Essa curva de comportamento segue direitinho o roteiro de um país “em desenvolvimento”, nos moldes dos booms econômicos de além-fronteira. Só que agora o refrão “la crisis, la crisis” é deles, e as manifestações vêm de todos os lados. Fácil dizer que era no Egito que a coisa estava preta: Espanha e Grécia são mais perto do nosso imaginário e agora é Wall Street, o pedaço do touro, que está ocupada há duas semanas. Duas semanas de gente gritando, de gente colocando num mural quanto deve, gente que está perdendo emprego e casa protestando contra o domínio das grandes corporações sobre a vida deles. Nenhum jornal por mais de dez dias, até este sábado quando 500 manifestantes foram presos sobre a ponte do Brooklyn.
Enquanto isso, a música do “se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso de vez” toca na televisão, o Rock in Rio é o principal assunto, e estamos todos voltados para a tela, sem um pingo de revolta no coração. A não ser, é claro, que consideremos o axé a maior ameaça ao bem-estar mundial.
http://www.youtube.com/watch?v=HRFw5u5wR4c
A série de tuites do @dj_spark que inspirou este post:
Tomaram a ponte do Brooklyn… Cês tão ligados que tá tudo ligado (Egito, Espanha, Grécia, etc) e estamos no meio de uma revolta, né?Que isso deve mudar o papel das corporações, que talvez mude o fluxo do dinheiro, que se criem novos modos de vida, com outros enfoques?Que tem gente para caralho de saco cheio de só se foder (e não vai ficar só reclamando no twitter).O primeiro destaque do Globo foi quando prenderam 500 pessoas ontem. Antes disso, 2 semanas de protestos OCUPANDO Wall St. e nada no jornal.E que estamos desdenhando isso daqui do nosso pais-zão, pq estamos bem, tranquilos, todo mundo enchendo a pança, pagando 700 reais pra show.