This is not a love song

I’m here again with a sunshine smile upon my face
My friends are close at hand
And all my inhibitions have disappeared without a trace
I’m glad, oh that I found somebody who I can rely on

Não era uma canção de amor, porque o amor ficou confundido com o tesão e nunca veio de verdade. Anos depois ela só guardava a lembrança de como a respiração dela mudava quando ele entrava no mesmo ambiente. E mais alguns anos, ela já não guardava nada, nem mágoa de como ficou tudo. Enfim, não era de amor mas era aquela música que por um tempo tocava no rádio ou numa dessas coletâneas da internet, e ela lembrava muito, lembrava ruim. Desabafando com um amigo sobre isso, tiveram uma idéia: vamos ressignificar essa música pra você, tá?

Ressignificaram gostoso.

Esta ficou no lugar.

Eu não pertenço a você

Segunda-feira passada o Twitter avisou que não estava mais conseguindo mandar emails para a minha conta Maffalda do Gmail. Quando tentei logar, descobri que fiquei trancada pra fora por atividades suspeitas na minha conta. O Google está tentando me proteger, provavelmente porque usei algum aplicativo não confiável. Até agora não consegui recuperar a conta. Estou bastante nervosa, mas tenho amigos prestativos a quem já expliquei a questão.

Isso me fez pensar que tenho que ficar mais afiada na questão das senhas e sistemas. Eu simplesmente esqueci a senha do email Maffalda porque redireciono tudo para Heloisa (é, esse é meu nome e meu outro endereço).

Com essa história, também achei as mensagens que recebo periodicamente do Google* sobre as contas cujo email de recuperação é o meu endereço principal. Além dos endereços dos meus pais, da minha irmã e mais alguns criados por mim, já foram criados nada menos que TRINTA E OITO endereços de gente que nunca vi mais gorda nem mais magra na vida. E essas pessoas todas acham que vão conseguir recuperar a senha um dia dando meu email.

Isso me deixava num dilema ético muito grande, pois não conseguia achar um jeito de desvencilhar minha conta dessas novas sem efetivamente deixar os usuários (em sua maioria novatos) trancados para fora de seus emails.

Discípula de Madre Teresa de Calcutá que sou, fiz uma mensagem padrão que envio cada vez que sou avisada de uma nova conta criada em meu nome:

Provavelmente seu nome é Heloisa, como o meu. Por favor leia este email com atenção, pois ele tem a ver com a segurança da sua conta de email.
Você está recebendo esta mensagem porque, ao criar a sua conta do gmail, você usou o meu endereço (…@gmail.com) no formulário de recuperação de senha.
Isso significa que se um dia você perder sua senha e tentar recuperá-la, o google vai mandar uma mensagem para mim. E eu não vou poder fazer nada quanto a isso, nem vou poder informar isso pra você.
Isso é um problema gigante de segurança das suas informações!
Para sua segurança, por favor visite a página de opções da sua conta e troque o seu email secundário (“secondary address”) por um outro endereço de email SEU, ao qual você tem acesso, como seu endereço do msn, hotmail, yahoo, ou o endereço do trabalho.
Desta forma, minha conta de email e a sua vão ficar completamente separadas para sempre. 
https://www.google.com/accounts/UpdateAccountRecoveryOptions
Obrigada.

Pelas minhas contas, isso funcionou umas 4 ou 5 vezes. Para não dizer que sou santa de tudo, uma vez uma garota me respondeu “Não vou trocar” e eu não resisti: entrei na conta dela e troquei a foto do Orkut para a foto do burro do Shrek. A conta do Orkut tinha o endereço de msn, então fiz todo um malabarismo para a garota recuperar a senha através do hotmail, não sem antes deixar um baita sermão registrado nos scraps. A menina tinha só onze anos, mas não me arrependo. Cumpri meu papel de adulta. (Ou não! :))

E então descobri, agora há pouco, que o Google arquitetou uma solução para o meu problema. O nome do serviço é DisavowAccount. Disavow pode ser traduzido como negar, desmentir ou retratar, mas apelidei o serviço carinhosamente de t’esconjuro! que é pra ficar mais divertido.

Basta entrar na tela de recuperação de senha de qualquer serviço Google, digitar o endereço que não é seu (annyheloisalinda, por exemplo, afemaria). Você vai ter que passar por um captcha e digitar o seu email (aquele que é seu, só seu, e ninguém tasca). Imediatamente você receberá uma mensagem com duas opções de link: um para trocar a senha do email (no caso de o usuário ser uma pestinha pré-adolescente) e outro que diz “se esta conta não é sua, clique aqui”, com uma chave única para desvencilhar seu endereço para sempre.

Achei finíssima a solução. Agora posso voltar a ser a Maffalda?

(*)Your secondary address, ...@gmail.com, is associated with: O seu endereço secundário, ...@gmail.com, está associado a: 

Os livros, discos, dicionários

O número de visitantes da Bienal do Livro confirma a minha certeza de que os livros são mesmo o último grande fetiche. Não tem como não gostar do objeto livro: eles são coloridos, interessantes, empilháveis, portáteis e cheirosos.

Marilyn Monroe lendo Leaves of Grass
Livros e Chanel N°5. Quer ver mais estantes? http://bit.ly/maffaestantes.

Mesmo assim, ultimamente, seja pela falta de espaço, desapego ou adoção de novas tecnologias, vários dos meus amigos vêm se desfazendo dos seus “livros de árvore”.

As saídas mais ou menos óbvias são doação, trocas e venda. Só que “na prática a teoria é outra”, e todo mundo acaba meio perdido sem saber o que fazer ou com preguiça de procurar um rumo adequado para suas preciosidades.

Quem é festeiro pode inventar um ou mais encontros presenciais de trocas de livros: combinar com os amigos, fixar o número de livros, e deixar o pessoal escolher. O que sobrar pode ser encaminhado pelo dono da casa a outros destinos. Numa escala maior, o LuluzinhaCamp do Rio costuma ter um bazar de trocas que inclui livros, roupas, maquilagem e outros cacarecos. Em São Paulo, a Prefeitura promove uma feira itinerante de troca de livros e gibis que eu não sei se tem similares no Rio.

Se você trabalha num escritório com muita gente ou num local de grande circulação, vale aproveitar a ideia acima e ter um canto permanente de trocas ou uma biblioteca pote de mel. Só é bom ter uma pessoa responsável para a coisa não descambar para a bagunça e acabar atrapalhando o negócio principal. (Por um momento agora imaginei o horror de um escritório tomado por livros encardidos e sem capa de Sidney Sheldon.)

A alternativa online é o Trocando Livros, que funciona assim: você cadastra os livros que quer trocar, espera que alguém encomende um deles,  e envia o livro pelo correio. Você paga pelo envio, mas ganha um crédito para poder encomendar outro livro no sistema. Eu usei muito o americano PaperbackSwap, que funciona parecido, mas não experimentei o site brasileiro.

Os sebos também costumam trocar livros, mas como eles visam lucro, eles selecionam quais querem (nem todos os títulos são interessantes para eles) e dão um crédito de aproximadamente 25% do menor valor de revenda. Ou seja, o mais provável é que você chegue com uma pilha grande de livros e saia com dois ou três “novos” e mais os recusados. Andei fazendo isso mês passado e achei bom, esvaziei meia prateleira!

O site Estante Virtual tem um programa de trocas exatamente como o descrito acima, com a diferença que os sebos participantes dão créditos para serem usados no site todo em vez de apenas na loja física. Ah, e se você preferir, o site também permite a pessoas físicas vender livros online por uma comissão de 5%.

Um processo um pouco mais lento é sair dando livros de presente um a um: para os amigos, ou no esquema do Livro Livre e do BookCrossing. Os mais fãs de Amelie Poulain podem fazer experimentos diversos: sentar numa lanchonete com uma pilha de livros com a plaquinha “grátis”, distribuir livros na rua, achar uma história bem empolgante para o vigia do prédio ou fazer a amiga aprender espanhol com Mario Benedetti. Aqui no Rio, alguns eventos cobram meia entrada mediante a doação de um livro.

Todo mundo quer doar para bibliotecas e instituições beneficentes. É uma boa opção, mas o processo pode ser mais demorado e frustrante do que você imagina. Pesquise, procure uma instituição perto de casa, telefone, e não se ofenda se sua doação for recusada. Lembre-se que cada instituição tem suas particularidades e que os recursos de espaço e mão de obra muitas vezes são tão limitados quanto os recursos materiais desses lugares. Aqui tem uma lista de instituições e projetos para começar sua pesquisa. O Exército da Salvação aceita livros e a retirada pode ser agendada por telefone ou online.

Por mais dor no coração que isso dê aos bibliófilos, alguns livros têm mesmo que ser descartados pois se tornaram obsoletos, perderam páginas ou simplesmente sucumbiram à ação do mofo e pragas. Por isso, se nada mais funcionar, recicle. Ou invente moda. Faça uma prateleira invisível, uma bolsa, ou uma dos vários tipos de guirlanda (esta deve dar um trabalho absurdo).

E quando sentir saudade dos livros “tradicionais”, pense em pegar emprestados, ir à biblioteca ou comprar livros usados. Mas disso eu falo uma outra hora!

Clipe tirado do post 10 music videos set in libraries and bookstores. Eu queria colocar aquele do Tears for Fears mas só achei uma versão com uma introdução chatinha.

Tenho tudo planejado pra te impressionar

Meus mais sinceros conselhos para quem está redigindo ou reformando o próprio currículo.

Disclaimer: Nada aqui é conselho profissional. É tudo chute.
Siga por sua conta e risco.

1. Não escreva “Curriculum Vitae” em letras garrafais no alto. Coloque apenas o seu nome em destaque, fonte tamanho 14 ou 16, no máximo. Se você não fez alguma coisa muito errada no conteúdo ou na formatação, ninguém vai achar que é uma receita de bolo. (Também não coloque seu nome como uma imagem jpg colada no arquivo. Sim, já vi isso.)

2. Não coloque foto. A não ser que a vaga seja de modelo ou apresentador, a não ser que a empresa peça explicitamente, não é bom tascar aquela 3×4 no currículo.

3. Brasileiro, solteiro, 25? A sua idade pode ser deduzida mais ou menos pela época em que você terminou (ou vai terminar) a faculdade. Uns 99,9% das pessoas que se candidatam a vagas no Brasil são brasileiras (mencione se você não é). E isso de colocar estado civil e número de filhos eu acho o fim da picada. Você está insinuando que ser solteiro é melhor ou pior que ser uma mulher casada em idade fértil ou um pai de 3 filhos?

4. Coloque seu email, telefone de contato e endereço. Coloque também as redes sociais de que você participa, principalmente se estiver se candidatando a um cargo relacionado a marketing digital, mas dê uma conferida antes nas informações que estão em aberto nas suas redes. Você não vai querer mostrar todas as suas fotos zuper zexy ao recrutador nem incluir um twitter “com cadeadinho”. Ah, deixe de fora o número do RG, CPF, e nome dos seus pais, não é ficha na polícia. Também é desnecessário escrever “email:”, “telefone:” e “endereço:” antes de cada informação. Isso vale também para as outras partes do currículo, é dispensável escrever “empresa:”, “cargo:”, pois em geral a formatação e a inteligência do recrutador dão conta do recado.

foto por fashionablygeek.com
Ou você pode fazer uma camiseta...

5. A formação deve ter datas de conclusão (ou previsão) em ordem cronológica reversa. Não precisa incluir o ensino médio se já faz algum tempo que você se formou. Não se esqueça de incluir a pós e cursos relevantes.

6. Sua experiência profissional também deve aparecer em ordem cronológica reversa, com o último emprego primeiro. Nome da empresa, cargo, data de entrada e saída (mês e ano) e uma descrição breve. Preste atenção à linguagem da descrição: escolha se quer usar verbos no infinitivo, substantivos, verbos em primeira pessoa no passado (fica esquisito, mas é questão de gosto), e fique firme para não parecer uma salada. Quanto às descrições, aproveite esse espaço para falar de habilidades que você adquiriu em outras posições que podem ser úteis na sua busca atual. Também é importante ressaltar mais as posições mais recentes.

7. Nas informações adicionais, inclua seus conhecimentos de softwares, línguas (se mentir tem castigo!) e outras atividades, tais como atividades voluntárias, intercâmbios e projetos paralelos.

8. Se tiver feito muitos freelas, você pode escolher entre incorporá-los na seção de experiência profissional ou colocá-los numa seção à parte.

9. Algumas pessoas gostam de colocar um resumo no começo do currículo com as qualificações profissionais. Tem que ser curto. A vantagem de ter uma seção assim é que você pode adaptá-la para diferentes vagas.

10. Capriche na formatação. Mantenha coerência na formatação ao longo do currículo: se usou itálico para cargo e negrito para o nome da empresa faça isso para todos os itens, por exemplo. Sem frescura, um tipo só de fonte, mesmo espaço entre os parágrafos, um espaço um pouco maior entre as seções, no máximo duas páginas, mesma indentação em tudo, bullets todas do mesmo tamanho, etc. Não deixe o Word decidir por você, mostre quem é o chefe.

11. Revise mil vezes. Corrija o português. Mande para um ou dois amigos e peça a opinião deles.

12. Se vai imprimir, imprima num papel branco e limpo, nada de coloridos ou marmorizados. Se vai mandar por email, salve em pdf (o CutePDF serve para isso). Além de ser um formato mais bonito, você não corre o risco do software avacalhar a formatação do doc (na melhor das hipóteses) ou mostrar o arquivo com todas as suas correções (na pior).

13. PelamordeD’us, não mande o currículo anexado no email sem escrever nada. Descubra o nome da pessoa que está recrutando, mande umas linhas simpáticas dizendo que seu currículo está em anexo e que você está disponível para a entrevista, algo não muito formal mas também não muito desleixado. Não estrague a primeira impressão.

14. Confie em você e nos seus revisores. Se parecer mais conveniente inverter a ordem das seções para mostrar as suas melhores qualidades primeiro – freelas mais interessantes que as experiências, ou uma formação acadêmica que tem pouco a ver com a sua carreira atual – vá em frente. E esteja preparado para mandar o currículo no corpo do email, só em texto, se isso for solicitado.

Boa sorte!

Este post, como diz lá o disclaimer, é quase um desabafo e está repleto de opiniões pra lá de pessoais. Agora que eu já estou mais leve, dê seu palpite nos comentários também. Aproveite para contar qual foi o currículo mais estranho que você já recebeu ou enviou.

Leia e vai saber o que é encanto

Renda-se aos livros eletrônicos!

Mesmo que você não tenha um dispositivo dedicado exclusivamente à leitura de ebooks,  recomendo fortemente baixar o aplicativo do Kindle. Há versões para browser (o Cloud Reader), PC, Mac, iPad, e para espertofones iPhone, BlackBerry e Android. Esse aplicativo permite comprar livros na Amazon e importar livros de domínio público de sites como o Projeto Gutenberg.

O pulo do gato fica por conta do software Calibre. Ele faz a mágica de transformar todos aqueles PDFs de artigos que você guardou para ler um dia (e textos em .txt, .odt e .html) em ebooks que podem ser lidos confortavelmente no seu celular. Funciona também como gerenciador de pdfs, renomeando todos por nome do documento e autor, uma boa pedida para tirar os arquivos “54225.pdf” dos recônditos das pastas esquecidas.

Com esses dois aplicativos você nunca mais vai ter desculpa para não ler!

O bônus para quem tem um Kindle é o aplicativo SENDtoREADER. Ele manda o conteúdo de qualquer página web ou post do Google Reader diretamente para o seu dispositivo, usando o email *@free.kindle.com. O conteúdo já chega formatado e sem propagandas ou banners.

Agora o problema é só não perder o ponto para descer do ônibus e não tropeçar na rua.

O eterno deus mudança

A cada degrau do declínio do Império Americano, surgem movimentos culturais de simplicidade que tentam trazer à tona os princípios dos fundadores religiosos dos Estados Unidos, a austeridade dos peregrinos protestantes e quakers. Tudo indica que desta vez é pra valer: esse tema tem entrado para a cultura mainstream e vêem-se cada vez mais adeptos.

Se dos anos 60 e 70 herdamos movimentos mais radicais, como os sobrevivencialistas (que são o centro da piada do filme De volta para o presente) e as correntes espiritualistas defensoras da vida simples, hoje há novas expressões da simplicidade tais como minimalismo, location independence e consumo colaborativo. Também se destacam novas formas de usar o tempo (redução da jornada de trabalho e mais trabalho freelance), desenvolvimento de habilidades autossuficientes (“faça-você-mesmo”) e mais relacionamentos dentro de uma comunidade de acordo com interesses comuns.

Para mim, os mistérios são dois. Um é como tudo isso vai se juntar e o que vai permanecer no mainstream quando e se a crise passar. O outro é como vão se desenvolver essas iniciativas no Brasil, onde o crescimento econômico recente foca muito no consumo e esquece a sustentabilidade.

Por enquanto estão surgindo aqui e ali algumas idéias de trocas e compartilhamento de bens (consumo colaborativo), tanto locais (Toma Lá Dá Cá, dia 13/8 no Rio!) como online (DescolaAí), muitos sites falando de ciclismo, e mais e mais pessoas “alternativas” (no bom sentido!) com idéias legais. Vai que cola…

http://vimeo.com/26573848

Ótimo vídeo da autora Juliet Schor falando da Economia da Plenitude.

Randy White, o criador do site Bright Neighbor, de Portland. Ele defende com unhas e dentes que existe um plano B para a crise americana e que ele inclui, necessariamente, agricultura urbana e local. Pena que ele parece um pouco doidinho ao falar das suas idéias. Mesmo assim, vale dar uma olhada.

Caso não tenha ficado claro: tem muita oportunidade de desenvolvimento de ferramentas online para incentivo de consumo colaborativo (veja o vídeo da Rachel Botsman) e aplicativos mobile para incentivar trocas de bens e serviços locais. Larguemos o vício do ineditismo e comecemos a experimentar na adaptação e tropicalização das tendências lá de fora. Não é imitação, minha gente, é leapfrogging!

Fossem somente crianças

Aos amigos que têm filhos, pergunto algumas coisas sobre as quais não tenho nem idéia.

O que é que as crianças aprendem de prático na escola hoje? Dessas coisas que nunca aprendemos: educação financeira, consumo, cidadania, educação para o trânsito, ambientalismo, economia doméstica, informática, ética?

E as coisas que na escola tradicional são consideradas “menores” e na nossa época às vezes deixavam a desejar? Artes plásticas, música, dança, teatro, esporte. Os filhos de vocês estão aprendendo essas coisas de alguém?

Como é que vocês tapam esses buracos, se os há? O dia a dia é aproveitado para pequenas lições ou isso é muito chato? Dá pra ensinar um pouco na rua, em frente à tv, nas brincadeiras, perto dos avós?

E, finalmente, como funciona a relação com os adultos próximos? Vocês têm uma pequena aldeia para criar seus filhos ou ainda sentem que têm sozinhos a tarefa de proteger a cria?

Eu não falei que ia fazer perguntas fáceis.

Para ouvir:

Vou pedir um Café pra nós dois.

Por que eu apoio e participo do Café 22.

Todas as vezes que eu tento explicar o que é o Café 22 para alguém, saio da conversa achando que não me expressei direito. E olha que eu já tentei de tudo. “TED de quintal”, “um evento de palestras”, “amigos trocando conhecimento”, “palestras de 15 minutos sobre qualquer coisa”, “compartilhamento de paixões”. Fica sempre uma distância entre o real e a descrição. Pelo visto, não sou só eu que penso assim. Já vi várias pessoas comentando sobre o espírito, o clima, a energia do Café 22, que são todas características intangíveis do evento.

Depois da última edição do Café 22, sábado passado, cheguei à conclusão de que o meu café vem em três xícaras, três ângulos, três facetas.

A dimensão utópica é a descrição do Café 22 que aparece no site e a maneira como em geral tento descrevê-lo: um evento de compartilhamento de idéias, conhecimentos e paixões. É um movimento que segue as tendências atuais de formação de comunidades por interesse, on e offline. “Idéias novas e assuntos pelos quais nossos amigos são intensamente apaixonados.”

O lado prático do café se revela ao constatar que somos um conjunto de pessoas que de alguma forma faz esse evento acontecer. A mecânica das inscrições, a divulgação, a produção do evento, o coffee break, os detalhes técnicos, os contatos com patrocinadores que gentilmente cedem espaço ou equipamentos, a produção de conteúdo e de um blog. Tudo isso pode ser colocado no currículo de qualquer um de nós e nos evidencia como uma equipe, um coletivo, uma referência.

A terceira faceta é a afetiva. Nada substitui o prazer de se verem tantas amizades e tanta intimidade surgindo que talvez não fossem acontecer em outro lugar. Surgem piadas internas, contatos profissionais, dicas imperdíveis – um curso bacana, um tênis diferente, um livro pertinente – e o senso de uma verdadeira comunidade.

Eu tenho um orgulho danado de fazer parte desse tal de Café 22.

Leia mais, veja os vídeos, venha para o nosso ou faça o seu. Garanto que você vai gostar.

Você não está entendendo nada do que eu digo

A moda são infográficos. Eu detesto o nome infográfico, mas confesso que adoro gráficos em geral. Poder olhar para os dados e interpretá-los com a mente analógica (e não a interface digital, como seria uma tabela) é uma coisa linda.

Porém há que se tomar cuidado com os números. Eles fingem que são certinhos, imparciais, mas estão a serviço de qualquer um que queira usá-los para convencer alguém de alguma coisa. Quando a parcialidade se une à desinformação (ou má formação matemática dos jornalistas e do público em geral), a coisa se torna até perigosa.

Gatinhos, por exemplo… Um infográfico sobre o Facebook e outras redes foi publicado pela Advertising Age e um blog “não-oficial” sobre o Facebook republicou o gráfico, que contém algumas informações interessantes sobre países que mais usam o Facebook e o Linkedin e também sobre quem declara ter gatos no perfil. Olha só:

O artigo no blog que reproduziu o gráfico afirma:

O infográfico da Advertising Age contém algumas pérolas fascinantes, incluindo: (…)

  • 86.5 porcento dos perfis femininos indicam ter gatos, mas apenas 13.5 porcento dos homens têm felinos.

Será verdade? Mais de 86% das mulheres têm gatos? Na verdade isso se deve a um erro de interpretação de quem escreveu o texto. Se eu digo que tenho 100 amigos e 10 têm gatos, dos quais 9 são mulheres e 1 é homem, eu posso dizer que 90% das mulheres têm gatos? O certo seria dizer que 90% dos que têm gatos são mulheres.

Viu como gatinhos números podem ser perigosos?

Portanto, antes de sair repetindo estatísticas por aí, pense criticamente na informação que está recebendo. Senão acabaremos tendo uma moda de “desinfográficos”.

Even the orchestra is beautiful

Aquele lá era praticamente um musical. Você sabe que na vida real as pessoas não começam a cantar e dançar de uma hora para a outra – ainda menos de manhã -, você sabe que tem muita fumaça e muito espelho para aumentar a fila de coristas, você sabe que aquela pirotecnia toda é só para impressionar, e mesmo assiste maravilhada e ainda sai do cinema contente, com um sorrisinho bobo que persiste.